quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Clipes do Balaio # 16 - acabou-se o que era doce!

Pois é meu povo!
Estou de volta, com o fim do carnaval... sempre uma tristeza só quando acabam as festas de Momo!
E é nessa toada que volto a lhes escrever. Ó quarta-feira ingrata que é a de cinzas!!
No lado A de nosso "Clipes da Semana", uma homenagem ao carnaval de Pernambuco, que eu ainda hei de conhecer. Banda Eddie, com "É de Fazer Chorar", clássico do frevo revisitado pelo bem humorado grupo.


Para o lado B, vamos pra Bahia. Mas pro lado bom do Carnaval da Bahia. Digamos, o mais divertido e menos comercial. Algo mais tradicional. Ainda que subversivo. Nada melhor que Novos Baianos. Ouçamos a mais que carnavalesca "Brasil Pandeiro", de Assis Valente.


Você tem mais sete minutinhos para "gastar" com este blog? Então, para encerrar essa série especial de "Carnaval 2009", um brinde: faixa bônus especialíssima, carioquíssima. Pout-Pourri de Paulinho da Viola com alguns bambas do samba. Vários clássicos!!! Lindo!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CLIPES DO BALAIO # 15 - ENFIM, O CARNAVAL!!!!

É chegada a maior festa do calendário brasileiro.
E quem não gosta da folia, bom sujeito não é!!!!!

É no Rio, em Salvador, Recife, interiorzão de São Paulo, na Capital também, Ouro Preto, Minas....

Vamos esquentar os tamborins com o clipe do bloco carioca "Empolga às 9", que se concentra no Posto 9 de Ipanema (pelo menos no ano que lá estive, a concentração era também às nove da noite). Uma homenagem a todos os blocos desse delicioso carnaval de rua carioca!
Em dois vídeos: "Será que chove", do Carnaval de 2006, e também o tema de 2007 (não sei o nome, mas este conferi pessoalmente), com um medley de outros temas.





No LADO B, uma banda paulistana com forte mistura e um pezinho nesse clima meio carioca: Numismata!!! Vídeo do Música de Bolso.

Sou meio suspeito pra falar dos caras, pois os acompanho já a um tempo e seu band leader, o Adalberto, vem a ser irmão de um de meus melhores amigos. Mas creiam, eu não jogaria confete se de fato não gostasse!!!
É isso aí, minha gente!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Efeito Randômico # 2

Eu ía escrever sobre o documentário da Malu Mader, que vi na Mostra... vou ficar devendo. Para amanhã ou depois.
Pra não ficar em branco este espaço, mais um setlist aleatório:

1. ATIRE A PRIMEIRA PEDRA - (de Ataulfo Alves e Mário Lago) Int.: Noite Ilustrada
2. BRIGHT EYES - Paul Simon and Art Garfunkel
3. EL DIA QUE ME QUIERAS - Carlos Gardel
4. SEJA BREVE (de Noel Rosa) - Grupo Rumo
5. EL RELOJ (de Roberto Cantoral) + PERFIDIA - Los Trios
6. SABROSA - Beastie Boys
7. A SATISFIED MIND - Johnny Cash
8. UM BOM LUGAR - Racionais MC's & Sabotagem
9. DANCING IN THE STREET - David Bowie & Mick Jagger
10. MIND FULL OF DAGGERS - Juliette and the Licks
11. VOCÊ VAI ESTAR NA MINHA - Negra Li

domingo, 15 de fevereiro de 2009

VICKY CRISTINA BARCELONA


Finalmente o primeiro filme do ano visto na telona. E um filme já meio "velhinho", quase saindo de cartaz. Aliás, não fosse o Gemini e seus filmes "quase-mortos", esse seria mais um na minha lista dos que perdi na telona.
O primeiro do ano. A continuar nesse ritmo, chegarei aos 6 no ano, bem abaixo dos 95 vistos durante o ano passado.
Mas enfim, isso não importa agora. O que vale é que escolhi um excelente filme pra começar 2009.
Nessa nova viagem de Woody Allen à Europa, temos retratadas, basicamente, a aventura que encontra excessos e se cansa deles e a racionalidade exarcebada que cede aos apelos de uma paixão aventureira.
Somos apresentados logo na abertura da película às personagens principais da trama, duas amigas, Vicky (Rebecca Hall, em otima atuação que lhe valeu merecidamente a indicação ao Globo de Ouro) e Cristina (a sempre estonteante Scarlett Johansson), em viagem a Barcelona. Vicky, mulher de vida regrada, a personificação da racionalidade, "sabe o que quer", tem a vida perfeita encaixada ao "mainstream" ocidental, realizando todos os seus sonhos, em viagem para terminar seus estudos sobre identidade catalã.
Cristina, a artista que não se encontrou, a mulher fácil de se levar para a cama, buscando a felicidade sem encontrá-la. "Não sabe o que quer, mas tem certeza sobre o que não quer", (mais precisamente, não quer para si o estilo de vida escolhido por Vicky).
Já em Barcelona, encontram Juan Antonio, pintor vivido por Javier Bardem (também indicado ao Globo de Ouro como melhor ator). Tanto Bardem como Penélope Cruz (que entra logo mais na história) são as caricaturas usadas por Woody Allen para retratar o "amor latino", "caliente", e muitas vezes desequilibrado. Aqui seu cinema encontra o de Almodóvar, como já ouvi por aí. São também a imagem dos artistas, com a vida nada regrada, muitas vezes perdida, mas sempre na busca pela poesia e pelo romantismo (a personagem de Penélope afirma que só um amor não realizado pode ser romântico).
Penélope Cruz, mais estonteante ainda que Scarlett, concorrente ao Oscar de melhor atriz coadjuvante (foi também indicada ao Globo de Ouro), é a ex-esposa de Juan Antonio. Ambos vivem com Cristina um triangulo amoroso nada convencional. Como em mais de uma vez citado pelo personagem de Bardem, é a celebração da vida, do amor, que conduz suas atitudes.
Vicky, também se envolve com Juan e por conta disso põe em xeque todas as suas escolhas de vida, principalmente acerca de seu casamento com Doug. De fora do triângulo formado, Vick é a personagem mais interessante.
Doug é outra caricatura de Allen, aqui retratando o burguês careta, tolo e sem graça, preconceituoso e moralista, apegado à vida linear, consumista e pseudo-intelectual.
Com todas essa nuances, percebe-se a riqueza da trama. De fato, a história é excelentemente bem tramada e desenvolvida. O roteiro bem construído, somado à beleza física dos atores em cena e ao constante e tórrido flerte entre as personagens, quase faz com que não percebamos as perícias de direção de Woody Allen. Mas elas estão lá, seja na câmera na mão que passeia, sem cortes, entre os rostos em determinado diálogo, nas caprichadas tomadas do Parc Güell de Gaudí, nas cenas de noites de "guitarras flamencas" (novamente imagens almodovarianas, mas de uma fase mais recente) e, evidentemente, na direção impecável dos atores e na ironia fina de seus diálogos.
Filme provocativo e inquietante. A trilha sonora escolhida reforça a "viagem" que é esta película . Além de óbvias músicas instrumentais espanholas, a canção "Barcelona", interpretada pelo grupo "Giulia y los Tellarini", faz o pano de fundo para a história durante todo o filme. Deliciosa melodia. Veja a letra aqui.

O "falar é fácil" de Saramago

Admiro cada vez mais o pensamento e as letras de José Saramago.
Em seu "O Caderno de Saramago", eis um dos últimos textos publicados:


DIZEMOS

"Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a quinta e mais difícil operação das aritméticas humanas, dizemos aos abúlicos, Querer é poder, como se as realidades bestiais do mundo não se divertissem a inverter todos os dias a posição relativa dos verbos, dizemos aos indecisos, Começar pelo princípio, como se esse princípio fosse a ponta sempre visível de um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegarmos à outra ponta, a do fim, e como se, entre a primeira e a segunda, tivéssemos tido nas mãos uma linha lisa e contínua em que não havia sido preciso desfazer nós nem desenredar emanharados, coisa impossível de acontecer na vida dos novelos, e, se uma outra frase de efeito é permitida, nos novelos da vida."

Errei

Na postagem "Dá-lhe Tilda", informei que o Festival de Berlim havia terminado domingo passado. A informação já está corrigida no texto.
Agora sim o Festival terminou, com o Urso de Ouro indo para o filme peruano "La Teta Asustada", de Clauda Llosa. É o primeiro filme peruano a participar do festival.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Uma tarde na fruteira

Danilo Chamadoira havia me mandado o link abaixo ano passado, mas só agora pude vê-los.
Trechos do programa comandado por Júpiter Maçã na MTV. Realmente hilário.
Merecem destaque duas entrevistas, em especial.
Na primeira, Thunderbird é entrevistado pelo apresentador doidão.
Na segunda, duelo de "viagens": um chapado dando entrevista a outro ainda mais chapado. Júpiter Maçã entrevista Rogério Skylab...
Segue agora um mosaico de imagens mil, a marchinha psicótica...

http://mtv.uol.com.br/mtvoverdrive/?name=OVERSERIES&id=103646

EFEITO RANDÔMICO #1

Não ouço rádio.
Talvez ouvisse mais se tivesse som em meu carro.
Nos momentos em que paro em casa e utilizo algum tempo para ouvir música (e ouço muito), prefiro ter controle absoluto do que vou ouvir, escolhendo algum CD para rodar ou ouvir algumas músicas que tenho em minha "máquina" mas que por algum motivo ainda não tenha escutado direito. Nesse caso apenas dou um "play" no modo "random" (execução aleatória).
Dessa segunda forma de ouvir "minhas músicas" é que me valho para apreciar um som sem parar de fazer outras coisas "do lar" (este que vos escreve, por morar só, tem um apartamento para cuidar).
De vez em quando me deparo com uma sequência bem interessante de músicas. Algumas bizarrices também. Devo ressaltar que não ouço necessariamente o que tem qualidade. Muitas vezes ouço também o que não gosto, até mesmo pra conhecer (nesses casos, na maioria das vezes, "deleto" a música depois).
Sempre que conseguir, a partir de hoje, anotarei e publicarei por aqui, a título de curiosidade (e de bisbilhotagem típica da origem dos blogs - não que essa seja minha praia, afinal sempre achei um porre blogs-diários), as tais sequências.
No mínimo acho que despertarei alguma curiosidade sobre algumas faixas.
Não me preocuparei com detalhes extremos. Quando eu puder, insiro o nome do compositor. Mas a regra será apenas o nome da música e do intérprete.
Não é um quadro fixo deste espaço.
A aparição da lista por aqui será também aleatória, portanto.

Eis o primeiro setlist:

1. DESVAIRADA - Nicolas Krassik, participação de Carlos Malta
2. RETALHOS DE CETIM - Benito de Paula
3. HIGHWAY BLUES - Marc Seales
4. NA SOMBRA DE UMA ÁRVORE - Hyldon
5. ALLA MIA ETÀ - Rita Pavone
6. MIGALHAS DE AMOR - Nicolas Krassik, participação de Yamandú Costa
7. AQUELES OLHOS VERDES - (Composição de Adolfo Utrera e Nilo Menenez, versão em português de João de Barro, o Braguinha) Int.: Zélia Duncan, Marco Pereira e Hamilton de Holanda

8. NATURE BOY - David Bowie e Massive Atack
9. Ô ABRE ALAS - (composição de Chiquinha Gonzaga) Int.: Linda e Dircinha Batista
10. PURGATORY BLUES - Juliette and the Licks

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Outras

Ainda sobre a lista das "10 mais paulistanas".
Não foi fácil concluir a relação apenas com 10 canções (na verdade foram mais que 10 as citadas). Samba-Rock, movimento pulsante em São Paulo e que tanto gosto, ficou de fora, apesar de haver mais de uma música retratando São Paulo (“Do Lado Direito da Rua Direita”, de Luiz Carlos e Chiquinho, interpretada por Originais do Samba, é um exemplo). Tom Jobim, maestro eterno, foi excluído, apesar de sua “Te Amo São Paulo”. “Sinfonia Paulistana - Retrato de Uma Cidade”, de Billy Blanco, não coube na listagem, em que pese sua famosa melodia perpetuada pela Rádio Jovem Pan.
Com o bom e velho Rock, já comemorei mais de um aniversário aqui em Sampa ao som de “Envelheço na Cidade”, de Edgard Scandurra (Ira!). Alguém aí também se lembrará de “São Paulo”, do grupo oitentista 365 (Fernanda, minha colega de trabalho lembrou-me dessa).
No fórum de discussão do Bar 1211! alguem se lembrou de "Lá vou eu", da Rita Lee.
De fato, não caberia tanta produção em uma lista com apenas dez músicas.
Alguém aí se lembra de mais alguma?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Clipes do Balaio # 14 - cantoras do Carnaval!

Prosseguindo no clima de fevereiro, pré-Carnaval!

Ainda sem por fogo nos tamborins, o LADO A servirá apenas como uma ode de esperança pra quem não quer ficar sozinho nas folias de Momo e espera encontrar "qualquer felicidade", "que dure ao menos enquanto é Carnaval", que "não faça bem mas que também não faça mal".
Ao som de cuíca abrindo o clipe e acompanhados de piano e leve percussão, Roberta Sá e MPB4 interpretam "CICATRIZES", de Miltinho e Paulo César Pinheiro (de "Braseiro", o primeiro e melhor disco da cantora, outrora ligada ao Monobloco/RJ).



No LADO B, uma diva do novo samba: Teresa Cristina.
Ano retrasado lamentei não tê-la acompanhado no Cordão do Boitatá, pelo centro histórico do Rio de Janeiro. E olha que eu estava na Cidade Maravilhosa. Neste ano lá estará ela de novo, no baile pós cortejo. Quem puder, que vá!
No LADO B ela e seu Grupo Semente interpretam um clássico do samba, em bela homenagem a Clara Nunes: "TRISTEZA PÉ NO CHÃO".
Vai manter a tradição...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

As dez mais paulistanas

Adilson Thieghi intimou-me a relizar uma lista dessas de “melhores” ou “piores”, qualquer que fosse o assunto, para inserção em interessante espaço criado lá em seu blog, o "Bar1211!" (que vale a visita!).
Devo confessar, antes de qualquer outra coisa, que a idéia de fazer esse tipo de lista nunca foi de meu agrado. Acaba-se cometendo muitas injustiças. Após algum tempo sempre pinta um certo arrependimento de ter inserido a música ou filme “A” em detrimento do “B”. Por outro lado, mentiria se dissesse que nunca elaborasse as malfadadas listas.
Mas enfim. Por tudo isso, especialmente para o Bar1211!, resolvi fazer uma lista temática. O recente aniversário de São Paulo inspirou-me a tanto, com canções representativas de Sampa (apesar de o BAR1211! ter sede em Santo André). Lá no blog de Adilson, a proposta era apenas listar. Me excedi e dei trabalho ao rapaz para editar. Aqui, por outro lado, segue com os comentários prolixos.
A ordem em que as músicas aparecem não é estritamente por preferência, nem por importância. Tais critérios foram levados em conta sim, mas não a risca.
Algumas músicas são óbvias e por isso mesmo não poderiam faltar. Com certeza são “lugar comum”, mas indispensáveis, eu diria. Também haverá alguma polêmica, lógico. Tentei ser amplo e abarcar diversas épocas. Devo frisar que escolher apenas dez foi muito custoso. Por essa razão, entre as dez há diversas citações de outras músicas, as quais poderiam, em muitos casos, perfeitamente substituir as escolhidas (mesma época, mesmo estilo, movimento, compositor, intérprete, etc). Onde foi possível, vídeo das canções.

Ei-la:

1. “SÃO SÃO PAULO, MEU AMOR”, de Tom Zé (1968). Começando com polêmica, eu acho. Sendo uma lista pessoal, reservo-me o direito de colocar esta música, vencedora do Festival da Record de 1968, encabeçando o rol, até mesmo para fugir das obviedades (que virão a seguir). Tom Zé é genial, gostos a parte, e é inegável o quanto a letra de “São São Paulo” é representativa dessa metrópole: São oito milhões de habitantes [em 68]/ Aglomerada solidão/ Por mil chaminés e carros/ Caseados à prestação /Porém com todo defeito/ Te carrego no meu peito /São, São Paulo/ Meu amor.”


Ainda de Tom Zé, poderiam estar elencadas por aqui ao menos duas outras tipicamente paulistanas: “Augusta, Angélica e Consolação” e a divertida “A Briga do Edifício Itália com o Hilton Hotel”.

2. “SAMPA”, de Caetano Veloso (1978), dispensa maiores comentários. Óbvia mas imprescindível em qualquer lista do gênero. Ok, é mais representativa que a de Tom Zé. E mais bela também. Mas apenas quis fugir das obviedades, como já ressaltado.



3. “TREM DAS ONZE”, de Adoniran Barbosa (1965). Outra escolha evidente. Adoniran e Demônios da Garoa, uma das mais bem sucedidas parcerias na música brasileira, tornou conhecidos por todo o país os bairros Bixiga e, especificamente em “Trem das Onze”, Jaçanã. Se não me engano, essa música até já ganhou um “concurso”, patrocinado por uma emissora de televisão, como sendo a “cara de São Paulo”. Nesse sentido, acho que “Sampa” é mais completa. Mas nem por isso dá para ignorar a força que tem “Trem das Onze”, símbolo maior da dobradinha “Adoniran X Demônios”. Também dessa união “O Samba do Arnesto”, “Saudosa Maloca”, “Tiro ao Álvaro”, “Samba no Bixiga” e tantas outras.



4. “SÃO PAULO, SÃO PAULO”, de Oswaldo, Biafra, Claus, Marcelo e Wandy Doratiotto (Premeditanto o Breque) (1984). Grande Premê!! Grande Vanguarda Paulistana!!!! A divertida música, em alusão a “New York, New York”, retrata muito bem a maior cidade da América do Sul, terra de “japonesas louras”, de “nordestinas mouras”, de “gatinhas punks” e do “jeito yankee”. Cidade onde o “clima engana” e a “vida é grana”, mas sem esquecer que, “na periferia, a fábrica escurece o dia”. Por fim, em ritmo de CPTM, uma pequena listagem de bairros paulistanos. Uma feliz composição do Premê, sem dúvida. Também deles (pra citar mais uma), o “Lava Rápido”, cuja letra é impensada para qualquer outro grupo não formado em São Paulo.
Ainda nessa linha de grupo “bem humorado” vale citar o Joelho de Porco, que contava com Tico Terpins e Zé Rodrix entre seus integrantes. O conjunto, bem menos conhecido que o Premê mas tipicamente paulistano, também tem suas pérolas dignas de nota: “Aeroporto de Congonhas” e “Bom Dia São Paulo”, pra ficarmos apenas em dois exemplos. Grupo bem menos conhecido, mas tipicamente paulistano.




5. “RONDA”, de Paulo Vanzolini (1945). O samba-canção, verdadeiro canto de amor homicida que retrata a mulher em busca de seu amante, de bar em bar, provavelmente foi a música mais conhecida (e cantada) entre os boêmios paulistanos das décadas passadas. A data citada é a da criação pelo zoólogo compositor (Paulo Vanzolini é servidor aposentado do Instituto Butantan). Gravação mesmo só pintou em 1953, meio que por acaso, quando Inezita Barroso gravou seu primeiro disco e precisava de outra canção pra compor o lado B do compacto. Vanzolini estava acompanhando Inezita ao estúdio e, somente por isso, “Ronda” constou do mesmo disco em que a rainha caipira despontou com “Moda da Pinga”. Mas sucesso mesmo só apareceu em 1967, quando interpretada pela cantora Cláudia Morena e, em 1977, o estouro na voz de Márcia. Maria Bethânia a regravou no ano seguinte, mesmo ano em que seu irmão Caetano se utilizava da melodia final de Vanzolini para arrematar “Sampa”. (bibliografia: “A Canção no Tempo, Vol. 2”, de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, Ed. 34, 5ª Ed., 2006, pp. 115/116)

PS:No vídeo abaixo, versão na voz do carioca mangueirense Jamelão, falecido em junho do ano passado.
PPS: No revitalizado bar do Alemão, sob a gerência de Eduardo Gudin, é possível, com alguma sorte, encontrar Vanzolini sentado a uma mesa, entre amigos e uísques, dando uma palhinha para boêmios de sorte. Informação de Chef Julinho.





6. VANGUARDA PAULISTANA, LUIZ TATIT, ITAMAR ASSUMPÇÃO... Aqui farei menção não a uma única música, mas a todo um movimento com a cara de Sampa. Luiz Tatit é compositor egresso da Vanguarda Paulistana, cabeça do Grupo Rumo e um dos principais nomes do movimento, que incluiu também o já citado Premê. Além de tipicamente paulistano, Luiz Tatit nos brinda na canção “ESBOÇO” (2000) com uma colagem de bairros e algumas de suas características: “E ele passeia, passeia/Passeia como se fosse um turista/E cumprimenta todo mundo/Que freqüenta a Bela Vista/E mesmo que ele esteja sem dinheiro/Dá uma passadinha nos botecos de Pinheiros/Chega com uma cara que dá pena/Mas é gente muito boa/Lá da Vila Madalena/Sempre sobra um copo de cerveja/Fica tão contente/Mas não quer que ninguém veja/Então procura o centro da cidade/Na Liberdade/Lá ele aparece algumas vezes/Lá os seus amigos são chineses/Canta umas canções em pot-pourri/E o pessoal morre de rir/E no fim da noite/Dá o último giro/No Bom Retiro/ (...)/E ele vagueia, vagueia/Vagueia como se fosse um cachorro/Avança, volta um pouco/Chegando até Socorro/Lá ele não conhece muita gente/Então pega a Marginal, o Jóquei Clube/E segue em frente/Gosta de entrar um pouco na USP/Gosta de sentir que é estudante/Mesmo que não estude ele embroma/Com tanta perfeição/Que sempre sai com um diploma/E vem pra casa então todo feliz/Em Vila Beatriz/Tem os seus horários de paquera/Tem o seu lugar no Ibirapuera/Tem o seu amor em Santo Amaro/Que ele encontra pelo faro/E tem um gosto muito próprio/E muito raro”.

Também de Tatit, mas ainda da época do Rumo, a música “PRO BEM DA CIDADE” (1981), que retrata um cotidiano muito conhecido de muitos paulistanos: “Como é difícil você não se entrosar/E ainda ter uma certa tendência/ pra se espreguiçar em hora errada/E São Paulo não pode parar pra te acompanhar/ Como é difícil!/E você acaba perdendo a calma/Porque seu ônibus não espera/Se você corre, gesticula/Grita desesperado, ele espera/Mas se você vem devagarinho, meio com sono,/ele não espera./Acho que vou ter que dar um jeito nessa cidade/É pro bem dela/Já que não vou mudar mesmo,/Eu vou dar um jeito nela,/É pro bem dela!”

E já que falei em Vanguarda Paulistana, não poderia deixar de mencionar Itamar Assumpção e a sua VENHA ATÉ SÃO PAULO”. Dessa canção o vídeo do sexto lugar da lista:


PS: Rita Lee (a mais perfeita tradução de São Paulo, segundo Caetano na já citada “Sampa”) participou da gravação dessa música com Itamar.

7. “UM LUGAR DO CARALHO”, de Júpiter Maçã (1997). Outro forasteiro da lista. E provavelmente outro ponto de discórdia entre os leitores dessa lista. Mas em minha humilde opinião a música é perfeita para se ouvir em alto e bom som no carro, a caminho das baladas de sampa. Rock gaúcho do bom, com letra no mínimo interessante:

Esta cidade tem vários lugares que fazem jus ao título, ainda que com outras descrições (menos hardcore) e outras tribos, principalmente os lugares ainda não descobertos pelos modismos.


8. “EH! SÃO PAULO”, de Murilo Alvarenga (1934). Mais um compositor de outro Estado fazendo sua homenagem a Sampa. Aqui, Alvarenga, da dupla caipiro-mineira Alvarenga e Ranchinho que eternizou a cidade da garoa:

Como se vê, muita coisa mudou da década de trinta pra cá. Campinas verdejantes, hoje, apenas no interior. Céu anil?!?!? Nem digo nada! Mas vale o registro de que há muito tempo essa cidade é amada e cantada.

As dez mais paulistanas (Continuação)


9. MUTANTES. Qualquer uma dos Mutantes. É Rock Zona Oeste, Bicho!!! É Pompéia, meu!!! Cosmopolitas que eram, não havia outra cidade passível de servir de palco de estréia para os lunáticos Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Rita Lee que não São Paulo. Mas difícil encontrar uma música que realmente remeta à imagem de Sampa. Talvez porque o som transcenda as fronteiras da cidade. Não é apenas de São Paulo, com certeza. Mas pra pensar em uma: talvez a regravação de “Rua Augusta”, ou “Ando meio desligado”, ou ainda “Caminhante Noturno”, que talvez melhor combine com um lado soturno de cidade grande. Por outro lado, do ponto de vista estritamente pessoal, “Batmacumba” (de Gil e Caetano) tem embalado alguns de meus momentos pré e pós-baladas em Sampa. Poesia concretista na megalópole de concreto. Com escusas pelo infame trocadilho, é dessa canção a nona posição desta lista.




10. JUVENAR, de André Abujamra e Carneiro Sândalo (2000). Acho que eu jamais teria conhecido o KARNAK, excelentes loucos músicos capitaneados pelo genial André Abujamra, se eu não tivesse vindo pra cá no já longínquo ano de 1997 (como também não teria conhecido Funk Como Le Gusta e tantas outras expressões musicais da ótima cena de São Paulo). De lá pra cá foram mais de vinte shows karnakianos, nos mais diversos moldes e formas. Banda com som tipicamente paulistano, mistura de sons e sotaques! Qualquer canção do grupo que constasse desta lista estaria muito bem encaixada. Mas “Juvenar”, além de ser uma das mais famosas, é um bom retrato do stress que vez ou outra aflora nos paulistanos, presos no trânsito ou respirando o ar poluído da cidade, que não demoram pra esbravejar, praguejar e desejar fugir para o campo. Pena não encontrar um vídeo decente, mas tá valendo:


É. Nem tudo são flores mesmo. Mas aqui volto à primeira música da lista: “Porém com tanto defeito, te carrego no meu peito, São São Paulo, meu amor!”.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dá-lhe Tilda!!

Tilda Swinton, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante do ano passado por sua interpretação em "Conduta de Risco", é presidenta do júri do Festival de Berlim desse ano.
Tornei-me ainda mais admirador de seu trabalho após ver publicado, na Folha de São Paulo do dia 06/02, parte de suas declarações à imprensa que por lá estava cobrindo o Festival.
Trecho da reportagem publicada na FSP:

"Ao citar o papel do festival na revelação de novos talentos, a atriz britânica disse que é inócuo 'descobrirmos a cada ano novos grandes filmes e cineastas dos quais ninguém mais ouve falar', se os distribuidores de filmes não fizerem seu papel de 'alargar o gosto do público frequentador de cinema', exibindo essa produção."

Direto ao ponto!
De fato, se houvesse maior divulgação dessa produção, com certeza maior interesse despertaria. Mas infelizmente não é tão simples assim.
Há uma grande falta de interesse em se conhecer essa "cultura" fora do "mainstream".
Eu, por exemplo, não consigo alargar nem o gosto de meus familiares e amigos, que supostamente ainda depositam em mim alguma confiança nesse sentido!
Já ouvi até de um amigo que este blog é "inteligente demais". E creiam: isso não foi um elogio...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Chica-chica-boom-chic


Se Carmem Miranda ainda estivesse entre nós estaria completando hoje cem anos de vida.
Foi graças a esta portuguesinha com coração brasileiro, "pequena-notável", que muitos sambas ganharam a eternidade. Que o digam Assis Valente ("E o mundo não se acabou") e Dorival Caymmi ("O que é que a baiana tem?"). Foi com essa canção de Caymmi, aliás, que ambos os gênios, Dorival e Carmem, foram projetados ao estrelato. Com méritos de sobra, diga-se.
Foi Dorival, falecido ano passado, quem ensinou a Carmem os trejeitos básicos da baiana estilizada que tanto alvoroço causou nos Estados Unidos. Lógico que sem o talento e charme de Carmem, que os incorporou indissociavelmente à sua imagem, de nada valeriam os ensinamentos do mestre baiano. Foi com essa personagem que ela se tornou, acompanhada quase sempre de seu "Bando da Lua", a artista mais bem paga dos musicais de Holywood nos anos 40/50, o que não é pouco.
Vale ficar atento a uma série de eventos especiais que devem rolar neste mês por aí. O Sesc SP, como sempre, não fica de fora: dia 28/02, às 21h, no teatro do Sesc Pompéia, Carlos Careqa, Mário Manga, Maurício Pereira e Terno de Damas homenageiam a cantora. R$ 16,00 o ingresso inteiro.
Com certeza um bom programa, com humor garantidíssimo com o trio Careqa-Manga-Pereira!!!
No vídeo, ao som de "Chica Chica Boom Chic", Carmem em cenas de diversos filmes brasileiros e americanos.


PS: já andei ouvindo por aí que Carmem Miranda soa como "coisa de velho". Mas apenas para quem não entende o valor cultural que uma boa música (arte em geral, na realidade), atemporal, tem! Com certeza alguém que ouve APENAS UM ou outro "ritmo" ("eletrônico" ou não), e ainda assim apenas pelo lado "diversão", não conseguiria entender mesmo...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sutilmente

A Sutil Companhia de Teatro está comemorando 15 anos de montagens. Em função disso, realiza uma mostra comemorativa em sua principal casa em São Paulo. A retrospectiva da companhia curitibana começou nesta quinta-feira, dia 05/02, e vai até dia 05/04, no Teatro Popular do Sesi, de quarta a domingo, sempre às 20 horas.

Imperdível!

De todas as peças que pude conferir neste período que estou em São Paulo (e infelizmente nem foram muitas), a Sutil Companhia foi responsável por uma das montagens que mais me impressionou. Refiro-me a "Avenida Dropsie". Inspirada em toda a obra do artista norte-americano Will Eisner, e não apenas na graphic novel que dá nome à peça, que é impecável. Além dos talentos em cena (que incluem o bom ator de TV , mas excelente nos palcos, Guilherme Weber e o onipresente em 2008 nas telas de cinema e de televisão, Leonardo Medeiros) a cenografia de Daniela Thomas (co-diretora do filme "Linha de Passe", em parceria com Walter Salles) é sensacional!

À fachada de um edifício típico dos anos 30 dos EUA, microcosmo de várias estórias paralelas que se desenvolvem na avenida que dá nome à HQ e à peça, em sua calçada e nas diversas janelas da enorme fachada, acrescente-se alguns recursos nada usuais em teatro, como uma prolongadíssima tempestade que encharca os atores em pleno palco.
Entre a platéia e os personagens uma fina tela transparente serve como suporte para algumas legendas eletrônicas e dá um tom ainda maior de HQ ao espetáculo.
A caracterização dos personagens e as expressões corporais nos remetem diretamente para dentro dos quadrinhos, em muitos momentos tendo-se mesmo a sensação de estar vendo a própria página HQ no lugar do palco!

Gostei tanto que logo após ver a peça adquiri a HQ. Mas não ouso comentá-la. Prefiro deixar o encargo (e o desafio) para o balconista do Bar1211!, Sr. Adilson Thieghi, melhor capacitado para comentar HQs.

Voltando à peça, reafirmo que ela é fenomenal! Com certeza irei rever. Se alguém quiser me acompanhar, é só combinar! Espetáculo pra ser visto e revisto várias vezes, com toda certeza!

Vale conferir também as outras duas peças da retrospectiva, todas dirigidas por Felipe Hirsch:
5/2: Avenida Dropsie
6 e 7/2: Não Sobre o Amor (Prêmio Bravo de melhor espetáculo de 2008)
8, 11 e 12/2: Avenida Dropsie
13 e 14/2: Não Sobre o Amor
15, 18 e 19/2: Avenida Dropsie
20 e 21/2: Não Sobre o Amor
22, 25 e 26/2: Avenida Dropsie
27 e 28/2: Não Sobre o Amor
1º/3: Avenida Dropsie
4 a 8/3: Thom Pain
11 a 15/3: Avenida Dropsie
18 e 19/3: Não Sobre o Amor
20/3 a 5/4: Avenida Dropsie

De quinta a domingo a entrada inteira custa R$10,00. Às quartas, o espetáculo é gratuito.

Ao meu amigo Cuschnir: sem desculpas portanto para não descer aos pavimentos inferiores de seu prédio de trabalho e prestigiar o evento, ok?!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Clipes do Balaio # 13 - é fevereiro!

Meus amigos dessa imensa blogosfera, eis que chegamos a mais um fevereiro. Mês das folias de Momo!!!!
E enquanto não começa esse tão esperado reinado, inicio aqui uma nova fase desse "bloco" do blog. Chupinhando a idéia do Música de Bolso, a partir dessa semana dois clipes, Lado A e Lado B. A partir de agora, portanto, serão "ClipeS" da semana.

Ontem estive à gravação do DVD do projeto "3 na Massa", em cima do repertório do primeiro álbum, o interessantíssimo "Confraria das Sedutoras". Enquanto eu não comento o show-DVD por aqui, insiro o clipe da música que parece feita em homenagem à Cidade Ternura: "Tatuí", co-parceria do povo do 3 na Massa com Rodrigo Amarante, interpretada pela sua doce esposa Karine Carvalho, que também estrela o clipe ao lado do novo pau-pra-toda-obra do cinema brasileiro, João Miguel. Caia em si, Tatuí!!! É o nosso LADO A da semana.



Para o LADO B, e já entrando no clima do Carnaval, que me lembra samba, um grupo que subverte o samba, adaptando a ele clássicos do Rock, o Grupo Sambô. Oportunamente falo mais dessa banda. Por ora, vai curtindo. Led Zeppelin? Tem também. E olha o LADO B aí, gente!!!