quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Clipes do Balaio # 25 - Viva o Mestre Ataulfo!!

"Gosto de Maria Rosa mas quem me dá prosa é a Rosa Maria"...
Verso singelo de Laranja Madura, do Mestre Ataulfo Alves, que tem nos proximos finais de semana shows em homenagem ao centenário de seu nascimento, como já comentado aqui. Neste "Clipes da Semana", muito bem defendida no recém extinto Villaggio Café por Chico Teixeira, do Clube Caiubi de Compositores. Apenas uma ressalva quanto ao vídeo: do falatório pós apresentação, só a primeira parte se aproveita quanto ao tema. Mas enfim, a execução em si da música salva o vídeo.
Mas antes desse vídeo, uma preciosidade histórica: Orlando Silva dando uma pequena explicação sobre Atire a Primeira Pedra, parceria de sucesso entre Ataulfo e Mário Lago. A palhinha que se segue é maravilhosa! Também executando o clássico, o trio Revista do Samba. "Perdão foi feito pra gente pedir"!
Meu Lamento é a canção seguinte, interpretada pela banda Dona Zica. Banda que tem entre suas cantoras Anelis Assumpção, uma das atrações do CCSP.
Finalizando com "chave de diamante", o próprio Ataulfo em cena. Literalmente. Em aparição elegante no filme "Meus Amores no Rio" (1959), de Carlos Hugo Cheistensen. No começo da cena, ele canta Vida de Minha Vida. Depois emenda o também clássico Pois É.
"Mulher a gente encontra em toda parte/Mas não se encontra a mulher que a gente tem no coração"! Pois é!!





terça-feira, 8 de setembro de 2009

DESCANSO

Escrevo porque sofro.
Torna-se o lápis, então,
Cortante instrumento a rasgar a carne,
a sangrar a alma.

Antes de instrumento de tortura
é um afiado bisturi
a extirpar do corpo o incômodo tumor.

Solitário busco, na exteriorizaçao textual,
exorcizar todo sofrimento
dirigindo-me a um eventual, futuro e desconhecido leitor.

Se não atinjo meu intento
também não alimento minha dor.
E resta sempre o consolo em saber que
tal atividade me trará o sono e, com ele,
descanso para o corpo e para o espírito.
Daniel Luppi

sábado, 5 de setembro de 2009

Na cadência bonita do samba

No dia 02.05.1909 nascia, em Miraí/MG, o cantor e compositor Ataulfo Alves.
Em 02.05.2009, centenário de seu nascimento, muito pouco se falou a respeito. Pai de incontáveis sambas memoráveis, é mesmo estranha a apatia da imprensa, exceção feita a um ou outro veículo especializado. Televisão então, nem dá para contar mais.
A história musical do Mestre Ataulfo tem início quando já radicado no Rio de Janeiro: em 25.04.1933, Almirante grava Sexta-feira. Desde então foram inúmeros sucessos, nunca menos que um por ano. Seus primeiros sucessos foram Pelo Amor Que Tenho a Ela (1936, parceria com Antônio Almeida), Até Breve (1937, com Cristóvão de Alencar), Errei, Erramos (1938), Meu Pranto Ninguém Vê (1938, com Zé da Zilda), Sei que é Covardia (1939, com Claudionor Cruz), Ó Seu Oscar (1940, com Wilson Batista), O Bonde de São Januário (1941, com Wilson Batista), Leva meu Samba (1941).
1942 foi o ano estouro da canção que se tornaria o maior sucesso deste compositor, um dos que possuem maior repertório já gravado: Ai Que Saudades de Amélia, parceria com Mário Lago. Atire a primeira pedra quem nunca cantarolou "Amélia..."! Atire a Primeira Pedra, aliás, é o título de outro enorme hit de Ataulfo, novamente em parceria com Mário Lago (1943).
Impossível enumerar todos os seus sucessos, que são muitos. Destaco, além das canções já citadas, Errei Sim (1950), Mulata Assanhada ("... que passa com graça/fazendo pirraça/fingindo inocente/tirando o sossego da gente", de 1956), Meus Tempos de Criança ("... que saudade da professorinha...", também de 1956), Vai, Mas Vai Mesmo (1959), Corda e Caçamba (1962), Na Cadência do Samba (1962, com Paulo Gesta), Laranja Madura (1966) e Você Passa Eu Acho Graça (1968, com Carlos Imperial).
A ausência de comemorações começa, enfim, ser parcialmente compensada agora, com o lançamento dos dois CDs do projeto "Ataulfo Alves 100 Anos". Também boa a programação do Centro Cultural São Paulo, que neste mês homenageia o mestre com uma série de shows: Elza Soares e Milena, Maria Alcina e 2ois, Alaíde Costa e Ferriani, Fabiana Cozza e Mateus Sartori, Zezé Motta e Graziela Medori e Ataulpho Alves Jr. e Anelis Assumpção. Anelis, filha de Itamar Assumpção, já havia feito show à frente de sua banda Dona Zica em homenagem a Ataulfo, alguns anos atrás. Vale lembrar ainda que Itamar também tem um disco só com músicas do compositor.
Veja abaixo as datas dos show. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados com duas horas de antecedência.
05/09, 19h - Elza Soares e Milena
06/09, 18h - Maria Alcina e 2ois
12/09, 19 h - Alaíde Costa e Verônica Ferriani
13/09, 18 h - Fabiana Cozza e Mateus Sartori
19/09, 19 h - Ataulpho Alves Jr. e Anelis Assumpção
20/09, 18 h - Zezé Motta e Graziela Medori
Fonte bibliográfica: "A Canção no Tempo - 85 anos de Músicas Brasileiras", vols. 1 (6ª ed.) e 2 (5ª ed.), de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, Editora 34

Ainda Gainsbourg Imperial. Show Histórico



Eu não ía nem comentar nada a respeito do show de ontem. Qualquer coisa que dissesse, pensei, não estaria à altura do maravilhamento provocado em mim (chorei em vários momentos, confesso).
Como traduzir em palavras a sensação de estar vendo um show histórico, em que o também histórico baterista Wilson das Neves insere a cuíca no cancionário popular francês, acompanhando a mais francesa de todas as inglesas e musa de Gainsbourg , Jane "Blow Up" Birkin? Como descrever a preciosidade de se assistir a um trio de guitarristas dando um show a parte no palco (dentre eles Nelson Jacobina, autor de "Maracatu Atômico")? E as divas Thalma de Freitas e Nina Becker então, com suas performances de dar inveja a Brigitte Bardot? Nina e seus vestidinhos curtos, de causar confusão em sujeito casado por não desgrudar os olhos de suas pernotas e de sua presença cativante no palco! Caetano e seu filho Moreno dividindo o palco com Jane. O prazer de ver praticamente toda a Orquestra Imperial reunida (apresentações anteriores dela por São Paulo se realizaram com time bem menor!). Vale anotar que a concepção e a direção artística foi de Stéphane San Juan, o francês cantor e percussionista da O.I., casado com Thalma de Freitas. A produção musical ficou por conta dos megaprodutores de respeito e também integrantes da O.I., Berna Ceppas e Kassin. Repito: show histórico. Microfonias, som de alguns instrumentos que sumia ou abaixava vez ou outra, ausência de improvisos da Orquestra (até mesmo pela natureza do projeto, que exigia obediência absoluta ao script). Nem esses problemas técnicos tiraram a beleza do show. Se particularmente fiquei um pouco frustrado pela ausência no repertório de "Je T'Aime Moi Non Plus" - “Eu não posso mais cantá-la porque o meu parceiro está morto. Eu nunca a cantei com outra pessoa que não fosse ele”, justificou Birkin em entrevista -, a falta restou completamente compensada pelo belo apanhado de músicas escolhidas pelo maestro do show, o arranjador Jean-Claude Vannier. Não poderia deixar de citar também a curiosa cena dos metais e percussão de um grupo que se sagrou animando bailes no Rio de Janeiro sendo comandada por um músico francês, com repertório que sai daquele que a O.I. até então apresentava. Não tenho dúvidas de que ela incorporará parte dele em suas apresentações futuras.
Eu já disse que o show foi histórico? Pois foi. Não ía comentar nada. Mas não resisti.
Crédito das fotos: Daigo Oliva/G1 (as duas primeiras) e Reinaldo Canato/Entrelinhas (as duas restantes).

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Clipes do Balaio # 24 - Gainsbourg Imperial

"Johnny (Jane Birkin) é uma garçonete que trabalha em uma lanchonete de beira de estrada, onde vive solitária e carente. Ela começa a se interessar pelo caminhoneiro Krassky (Joe Dallesandro), apesar dos alertas de seu chefe, Boris (René Kolldehoff), em relação à homossexualidade do rapaz. O fato é que, talvez por causa da aparência masculina de Johnny, Krassky também começa a se interessar pela garçonete, o que atiça o ciúme de Padovan (Hugues Quester), namorado do caminhoneiro."
Esta é a sinopse de "Paixão Selvagem", título em português de "Je T'aime Moi Non Plus", longa de 1976 do multitalentoso Serge Gainsbourg. Transgressor e marginal, como o próprio diretor. A canção título do filme embalava os amassos entre casais mundo afora nos anos 70 e foi proibida pela censura do regime militar brasileiro, que a considerou atentatória à moral e aos bons costumes já que Serge Gainsbourg, cantor e compositor desse e de inúmeros outros sucessos, e sua mulher, Jane Birkin, mais gemiam do que cantavam, como em plena relação sexual. Por essas e outras, Serge Gainsbourg ficou conhecido como "Rei da Canção Erótica".
O SESC/SP, dentro do "Ano da França no Brasil", dedicou ao artista, desde 05.06 e até o próximo dia 07.09, a exposição "Gainsbourg - Artista, Cantor, Poeta, Etc...", na unidade da Avenida Paulista.
Um dos mais importantes artistas do século XX é apresentado ao visitante por meio de totens audiovisuais - com fotografias, vídeos e textos - divididos em 4 fases da vida e carreira de Gainsbourg. O ínicio como artista plástico - "pintor maldito" -, pianista de bar, o flerte com o jazz e o blues, o trabalho como compositor de "hits" e como diretor artístico de ídolos franceses no final dos anos 60, e os sucessivos escândalos. Os primeiros já foram mencionados: a canção "Je T'aime Moi Non Plus" de 1969 e o filme homônimo de 1976. Seguiram-se a esses o "caso da Marselhesa", de 1979, em que ele chocou a França ao demonstrar sua aproximação com a cultura rastafari, interpretando o hino francês em versão reggae. Se não bastasse tudo isso, ainda dirigiu outros filmes, trabalhou com publicidade, publicou um romance decadente e um livro de fotos eróticas. De fato, ícone da contracultura!
Fechando a exposição, em grande estilo, o SESC patrocina hoje e amanhã o show "Gainsbourg Imperial", com ingressos para os dois dias esgotados em poucos minutos.
No palco, a Orquestra Imperial executará os principais sucessos de Gainsbourg na companhia do arranjador Jean-Claude Vannier, parceiro histórico do homenageado, além de sua musa Jane Birkin e de Caetano Veloso. Já dá até para se empolgar (para ser comedido) imaginando Jane, Nina Becker e Thalma de Freitas gemendo juntas na execução de "Je T'aime..."!!! Imperdível mesmo! Melhor que isso só se a filha de Serge e Jane, Charlotte Gainsbourg (atualmente em cartaz na telona em "Anticristo", de Lars von Trier) também estivesse presente.
Mas sem mais ladainhas.
Aos clipes da semana, evidentemente em homenagem ao pervertido (graças a Baco!).
São inúmeros os vídeos disponíveis na internet. Aqui apenas alguns, mais representativos dessas diversas faces do compositor, do erótico ao pop, passando pelo jazz e pelo blues. Evidentemente não poderia faltar Je T'Aime Moi Non Plus, que abre esta série especial - resisti a tentação de inserir trecho do longa, mas não a de colocar aqui um link, impróprio para menores! -. Já que o sujeito é o "Rei da Música Erótica", seguimos com Sea, Sex and Sun, não propriamente em vídeo, mas com slides do cantor. Após, acompanhado tão somente de seu inseparável cigarro em La Javainese e a curiosa história do picotador de bilhete de trem em Les Poinçonneur des Lilas, onde a imagem também vai se picotando (para ver a versão mais antiga, a original de 1958, clique aqui). A pop The Initials BB, homenagem a Brigite Bardot após o fim do relacionamento. Flertando com o blues no início da carreira, Le Claqueur de Doigts, contrastando com a belíssima La Chanson de Prevert - cuja sonoridade lembra um pouco os filmes de faroeste -. Rodeado de bailarinas em Monsieur William e Elisa (clique aqui para ver outra versão de Elisa, com Jane Birkin). Na sequência, flertando agora com o yeah-yeah-yeah, a roqueira Qui Est In, Qui Est Out. Por fim, a jazzística instrumental All The Things You Are.




















Cérebro Eletrônico + Porcas Borboletas

Hoje, no Studio SP.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Agradecimentos


Nunca este espaço amador, atividade secundária deste blogueiro principiante, foi tão visitado como nestes últimos 15 dias.
Quero agradecer nesta postagem - único intuito dela -, os visitantes já sócios do espaço e os novos amigos que por aqui passaram para deixar seus pitacos:
- aos mais constantes visitantes: o balconista Adilson Thieghi, do Bar1211, e o "fornecedor de cinematinoina viciantus" do Cinemadicto, Roger Tahira;
- aos hermanos do Quiero Vale Quatro, salud! (como acharam o Balaio!?!?!);
- ao povo do Minerva Pop, em especial ao Anselmo, um abraço;
- ao grupo Meia Dúzia de 3 ou 4, galera que faz um som muito bom e participou deixando seus pitacos sobre o fechamento do Villaggio Café, meus agradecimentos e minhas felicitações pelo ótimo som!
É com satisfação que recebi o comentário de todos vocês e a visita de tantos outros anônimos.
Também não poderia deixar de comentar, extremamente envaidecido, a visita ilustríssima do cantor/compositor/ator Maurício Pereira, que não só visitou o blog como ainda mandou por twitter a todos os seus contatos o texto sobre o Villaggio. Para um fã como eu, seguidor de seu trabalho tanto solo quanto à frente do Turbilhão de Ritmos (eu estava presente na plateia na gravação desse show!) ou com Os Mulheres Negras, não há maior honra e estímulo para continuar, ainda que com mal traçadas linhas.
Mais uma vez, obrigado a todos!

Ainda sobre o Villaggio Café

Festão a de despedida.
Showzaços em clima informal. Reunião de amigos na "sala de casa".
Em vez de comentar, melhor disponibilizar o link para o "texto oficial".
Com a palavra Zé Luiz Soares, co-proprietário do Villaggio:

http://lentedoze.blogspot.com/2009/08/villaggio-cafe-saga-ultimo-capitulo-o.html

É TUDO VERDADE - Parte 2

Pela primeira vez desde que foi concebido em 1996 pelo crítico Amir Labaki, o festival de documentários "É Tudo Verdade" foi dividido em duas partes. A primeira teve lugar no primeiro semestre, com as mostras competitivas. Desde ontem e até o dia 07.09, sempre com exibições na Cinemateca, as Mostras Especiais é que terão vez. São três as mostras especiais: "O Estado das Coisas", "50 Anos de Arraial do Cabo - Homenagem a Saraceni" e "Retrospectiva Louis Malle Documentarista".
Abaixo, a programação completa dos dias restantes. Sinopses completas nos sites da Cinemateca e da organizaçao do evento.

02.09 quarta
14h30 CARTAS AO PRESIDENTE
16h30 ARRAIAL DO CABO ETNOGRAFIA DA AMIZADE
18h30 ÍNDIA FANTASMA – EPISÓDIOS 1 E 7
20h30 FORDLÂNDIA

03.09 quinta
14h30 A RAINHA E EU
16h30 FORDLÂNDIA
18h30 PLACE DE LA REPUBLIQUE
20h30 OLHOS BEM ABERTOS

04.09 sexta
14h30 ECOS
16h30 OLHOS BEM ABERTOS
18h30 O PAÍS DE DEUS
20h30 UM PRESIDENTE A LEMBRAR – NA COMPANHIA DE JOHN F. KENNEDY

05.09 sábado
14h30 CARTAS AO PRESIDENTE
16h30 UM POVO NAS SOMBRAS
18h30 AND THE PURSUIT OF HAPPINESS
20h30 A RAINHA E EU

06.09 domingo
14h30 UM PRESIDENTE A LEMBRAR – NA COMPANHIA DE JOHN F. KENNEDY
16h30 CAPTURANDO A REALIDADE: A ARTE DO DOCUMENTÁRIO
18h30 ARRAIAL DO CABO DEBATE
20h30 VIVE LE TOUR HUMANO, DEMASIADAMENTE HUMANO

07.09 segunda
14h30 ÍNDIA FANTASMA – EPISÓDIOS 1 E 7
16h30 PLACE DE LA REPUBLIQUE
18h30 O PAÍS DE DEUS
20h30 AND THE PURSUIT OF HAPPINESS

Carlão e a Sessão Comodoro do mês: Frank Zappa + Boca do Lixo

Carlos Reichenbach, ou Carlão, como é conhecido no meio cinéfilo, diretor de importantes filmes nacionais - "Almas Corsárias", "Dois Córregos", "Falsa Loura" -, também é o responsável pela Sessão Comodoro. Trata-se de um projeto pessoal do cineasta, em parceria com o Cinesesc, para exibição de filmes raros e alternativos, ou apenas fora do circuito comercial. Anote aí: toda primeira quarta-feira do mês, entrada franca, às 21h30 - distribuição de ingressos a partir das 21h -, no Cinesesc (R. Augusta, 2.075).
Para a sessão de hoje, duas jóias raras: "MINAMI EM CLOSE-UP - A BOCA EM REVISTA", de Thiago Mendonça, e "200 MOTÉIS", de Frank Zappa.
O primeiro traça a trajetória da revista "Cinema em Close-up", que nos anos 70 tornou-se um sucesso de vendas, e de seu editor Minami Keizi, para contar a história dos filmes da Boca do Lixo e seus personagens.
O filme do rockeiro que foi até candidato à Presidência dos EUA é "um happening audiovisual que celebra a irreverência, o non-sense e o deboche", segundo sinopse do blog do Carlão - "Olhos Livres" -, que traz ainda inúmeras outra informações e links sobre o filme. No elenco a presença de Ringo Starr.
Sessão Imperdível.

Um Anormal

Jonas Sá complica a vida de todos que pretendam rotulá-lo. Ele faz música. E ponto. Seu som varia entre o pop a la Lulu Santos - com letras bem mais "alternativas", é bom que se diga - ao heavy metal. As letras, aliás, tanto podem ser em português, como a que dá título ao seu primeiro CD, "Anormal", como em inglês (a maioria), ou ainda em espanhol, como no mambo ou no delicioso chachacha que executa nos shows, repertório de seu próximo CD, "Tropical". A maioria de suas canções têm quilate para agradar ao "grande público", virando hit em rádio ou em novela da Globo, e aos mais exigentes críticos.
No palco, o baixinho ainda arrebenta em performances. Sua "dancinha" situa-se entre o cômico e o contagiante. Um China (Sheik Tosado, Del Rey) ainda mais acelerado.
A banda que lhe dá apoio tem talento de sobra. Basicamente formada pela ótima "Do Amor" - banda base também de Nina Becker e de Caetano Veloso -: Ricardo Dias Gomes (baixo), Gabriel Bubu e Gustavo Benjão (guitarras), Marcelo Callado (bateria) e Daniel Vasques (sax). No showzaço que acabo de ver no Sesc Pompéia, dentro do projeto "Prata da Casa", apenas o guitarrista Gabriel Bubu não complementava o elenco - ensaia para o especial "Gainsbourg Imperial", nesta quinta e sexta -.
Não conhece Jonas Sá? Não? Então busque conhecê-lo: www.myspace.com/jonassah.
Também vale a pena ler a reportagem de Bravo! sobre os novos nomes da nova música brasileira.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

4ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

Com abertura oficial para convidados ontem, a Mostra Mundo Árabe de Cinema chega a sua 4ª edição . São 16 filmes em 4 locais de exibição, com programação até o dia 13.09, sendo que de 08 a 12 não há exibições.

Garantia de belas imagens, de contato com a rica cultura árabe e, evidentemente, com o horror da guerra e da diáspora forçada.
Destaques para a "Trilogia do Deserto", de Nacer Khemir, "Caos" e "A Outra", do egípcio Youssef Chahine e, dentro da seleção "Mostra Especial Relatos do Iraque", "As Tartarugas Podem Voar", de Bahman Ghobadi. Também será exibido "Sob as Bombas", já presente na 32ª Mostra Internacional de São Paulo (achei fraco, ver abaixo).

Para a lista completa de filmes, as salas e horários de exibição, consulte o site oficial da Mostra. E boa viagem!

Boa intenção sob bombas


De fato, sob bombas, ruim mesmo este "Sob as Bombas", co-produção França/Líbano/Reino Unido/Bélgica.
O argumento é interessantíssimo: em parte documental, filmado logo após o ataque ao sul do Líbano em 2006, e ainda com seus moradores - que são "entrevistados" no filme - perdidos em meio aos escombros. O diretor Philippe Aractingi conta a história de Zeina, xiita que vive em Dubai, mas volta à pequena aldeia no sul do Líbano para resgatar seu filho. Só consegue entrar pela Turquia após o cessar-fogo e conhece Tony, único taxista que aceita conduzí-la até o vilarejo.
Boas intenções no filme, que tem argumento interessantíssimo mas muito, muito mal conduzido. Fraco mesmo. Se a história é comovente - vale lembrar que as imagens são reais -, a opção pelo "dramalhão" torna o filme óbvio. E se aproveita de um "drama fácil" - o da mãe que não tem notícias do filho após a eclosão de uma guerra.
Se um documentário já não teria um grande impacto por conta das constantes imagens do terror das guerras no Oriente Médio, as atuações ruins e a fraca direção disperdiçam a boa idéia de rodar uma ficção em meio ao caos real.