segunda-feira, 29 de junho de 2009

... e não desanima!


A primeira sequencia até poderia ter corte próprio, ser desmembrada do resto do filme, e ainda subsistiria com vida própria. Com outro enfoque, evidentemente, e como curta metragem. Belíssima. Uma espécie de “Sinfonia da Metrópole” atual: o amanhecer no Centro de São Paulo, proximidades do Mercado Municipal, os primeiros trabalhadores, o decorrer do dia no correr da metrópole e, finalmente, o cair da noite. Com foco no centro e na sua gente, com fotografia viva e impressionante, temos um pouco do universo temático de Paulo Vanzolini, compositor paulistaníssimo retratado em “Um Homem de Moral”, de Ricardo Dias.
Quando o filme foca a vida noturna e “Ronda” começa a soar na voz de Márcia, sua mais conhecida intérprete, é que o filme mergulha em definitivo na história de Vanzolini e da criação de suas letras. Bom frisar: “Ronda” com “R” e não com “H”, como frequentemente escrito nos karaokês da Liberdade, onde é hit entre as mais tocadas, como nos informa o próprio compositor.
Em uma de suas primeiras falas Vanzolini nos conta de seu projeto de “prestação de contas” com São Paulo. Tal projeto é o ponto de partida do documentário, o que motivou o diretor a fazê-lo. Uma seleção de algumas de suas canções, que resultou na caixa com 4 CDs lançados em 2003 pela Biscoito Fino. Uma antologia com participação de nomes de peso: Paulinho Nogueira – falecido em agosto de 2003, aqui em uma de suas últimas aparições –, Martinho da Vila – interpretando a hilária “Juízo Final” -, Chico Buarque, Cristina Buarque e Miúcha – cujo pai, Sérgio Buarque de Hollanda, era amigo pessoal de Vanzolini -, Paulinho da Viola, Elton de Medeiros, a afinadíssima Virgínia Rosa, o surpreendente Bando de Macambira – em uma não menos surpreendente “capoeira” -, e, claro, Inezita Barroso e Márcia, além de outros.
Ricardo Dias documenta os preparativos, os ensaios e as gravações também “se aproveitando” de outro vínculo de amizade do retratado. Seu pai também era amigo pessoal do zoólogo-compositor. CDs prontos, realização de um show e sim!, temos mais um “Buena Vista Social Club”, outro “Cafe de los Maestros”... A fórmula se repete, para o bem ou para o mal.
A opção por apresentar algumas músicas e as respectivas explicações do autor sobre a criação delas é interessante, mas limitadora. Mas como o foco é outro, como a intenção é nos apresentar um pouco mais de Vanzolini, tão desconhecido das massas quanto são conhecidas suas músicas, o filme cumpre seu papel. Não é uma cinebiografia, mas uma homenagem com apenas algumas passagens biográficas. E o filme “vende” o que promete. A imagem do homem da ciência, com doutorado em Harvard, mas extremamente próximo do povão, é apresentada. Letrista de talento com sensibilidade marcante. Homem culto com comportamento extremamente simples.
Ricardo conduz a narrativa de forma que o filme, em quase sua totalidade, se desenvolve segundo a fórmula “1) apresentação da canção; 2) explicação sobre a criação da letra; 3) algum convidado interpretando, nos ensaios, na gravação e no show”. Não mais que isso. Mas como as letras são boas e o carisma de Vanzolini – e de seus convidados – é imenso - , é fácil se entregar ao filme. Aqui o crítico se despe de sua chatice e até se emociona em algumas passagens, como a da sequência final. Nesta, por “acidente” ou homenagem, repete a fórmula de outro documentário, “Meu Tempo é Hoje”, sobre Paulinho da Viola: cada verso de “Volta por Cima” é cantarolado por pessoas comuns nas ruas do centro, nos bares, no comércio popular. Até os cenários se repetem: a barbearia e as mesas de sinuca, como no filme sobre Paulinho, também estão aqui.
No geral, um bom filme com uma excelente trilha sonora.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mir de bão!

Surpresa agradabilíssima!
Fico fora, por motivos técnicos e "redirecionamentos pessoais" (os mesmos que me levam a, há tempos, nao acompanhar os amigos da 'blogosfera' - em breve volto), e, quando retorno, passam de mil as visitas a este humilde e despretensioso espaço!!
Mesmo sem novas postagens, em média 5 pessoas passaram por aqui diariamente desde abril. Feliz e motivado a continuar...
Obrigado a todos!

Bom, de lá pra cá muita coisa...
Meu último post foi sobre o Garapa. O filme estreou até no circuito comercial. O interessante é que levantou mais debates sobre a ética no audiovisual (pudera!), do que propriamente dito sobre a fome. Se eu não tivesse ficado para um "bate-papo" com Padilha após a exibição do filme, sequer saberia de suas boas intenções. O filme é isso: bem intencionado e preocupado... mas algumas escolhas quase põem tudo a perder, como a crítica velada ao Carnaval, logo de início.
Mas é assunto para outra hora...