sábado, 3 de janeiro de 2009

CONDUTA DE RISCO - O 1º filme do ano (Em DVD)

Opa! Feliz 2009 a todos!

A primeira postagem, o primeiro filme do ano. Em DVD.

O correto, todavia, seria dizer "o primeiro filme que vi por inteiro". Antes, comecei a assistir o remake de "Dança Comigo?", transmitido pela TV aberta. Não consegui assistir até o fim por alguns aspectos, dentre os quais ser dublado, com comerciais entre os blocos (problemas conhecidos de todos) e, principalmente, por se tratar de remake do japonês "Dança Comigo?", de 1996, esse sim muito bom. A tônica de refilmagens desse tipo é a simples tradução para o grande público americano, com todas as desvantagens daí provenientes. Neste caso, porém, a ideia central foi mantida. Infelizmente, "limparam" um pouco o filme, amenizando o personagem caricato colega de trabalho do protagonista. Evidente também que o original jamais seria visto pelo tal "grande público americano", nem pelo público "americanizado" (incluindo o brasileiro). Ouvi de um membro de minha própria família quando recomendei assistir ao original japonês: " - Mas eu vou assistir a um filme pra ver um monte de japonesada!?". Foda! Com a ignorância (e com os preconceitos a ela inerentes), nem Deus, Zeus, orishás, Buda, Alá, Shiva, Krishna e Cia. aguentam.

Mas deixando de ladainhas e indo finalmente ao ponto. Ao primeiro filme visto por inteiro em 2009: "Conduta de Risco".

Excelente filme! De fato, 2008 foi a melhor seleção que o Oscar fez entre os indicados a melhor filme (e pela primeira vez assisti a todos) . Não fosse pelos também excelentes "Sangue Negro" e "Onde os Fracos não tem vez", "Conduta de Risco" talvez tivesse alguma chance de levar a estatueta, que também teve como candidatos o muito bom "Desejo e Reparação" e o bom "Juno".

É o primeiro filme dirigido por Tony Gilroy. Roteirista de carreira já consolidada ("Advogado do Diabo" e trilogia "Bourne"), Gilroy é também o responsável pelo roteiro do filme. Aliás, diz que teve a idéia de "Conduta de Risco" quando visitou firmas de advocacia para escrever "Advogado do Diabo".

Trata-se da história de Michael Clayton (George Clooney), advogado de uma grande firma de advocacia que se destaca "limpando" erros dos clientes (em mais de um momento do filme ouvimos a expressão "faxineiro"), mas tem uma vida pessoal atribulada. Divorciado e viciado em pôquer, vê seu bar, negocio paralelo, falir e suas dívidas crescerem. Quando Arthur Evans (Tom Wilkinson), o principal advogado da empresa, sofre um colapso (fica nu em uma audiência) e tenta sabotar todos os casos da U/North, uma empresa cliente envolvida com contaminação química de centenas de pessoas, Clayton é enviado para solucionar o problema. É quando começa a se deparar com questões novas sobre ética profissional e pessoal. Cruza em seu caminho uma executiva da tal empresa (Tilda Swinton), que elege o caminho "mais fácil" para resolver os problemas.
A história se desenvolve de forma não linear, com longos flashbacks. A tensão está presente durante todo o filme e os diálogos são magistrais. Tony Gilroy conduz a trama com maestria, excelente a direção dos atores. Aliás, para desenvolver a história, ele ataca (e acerta) no elenco, fortíssimo:
- George Clooney interpreta o personagem principal, Michael Clayton (que dá o nome original ao filme e a todas as cópias espalhadas pelo globo, com exceção do Brasil). Concorreu ao Oscar de melhor ator (perdeu para Daniel Day Lewis);
- Tom Wilkinson (indicado por esta atuação ao Oscar de ator coadjuvante, teria levado não fosse a concorrência com Javier Bardem, de "Os Fracos não Tem Vez");
- Sidney Pollack (também produtor do filme, em sua penúltima atuação como ator antes de seu falecimento); e
- Tilda Swinton, que ganhou o Oscar de atriz coadjuvante por esta atuação.
Como se vê, elenco de ponta, todos com atuações impecáveis.
O filme teve ao todo 7 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (George Clooney), Melhor Ator Coadjuvante (Tom Wilkinson), Melhor Atriz Coadjuvante (Tilda Swinton), Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Original (neste quesito perdeu para "Juno"). Repito que se não fosse um ano em que tantos filmes bons concorreram, "Conduta de Risco" teria levado mais estatuetas. Não é exagero dizer também que é a melhor atuação de Clooney.
Há um ponto falho no roteiro, mas que passa quase desapercebido e talvez se inclua entre as "falhas necessárias" para que o filme flua. Sem revelar muito por aqui: um dos personagens é dado como morto, sem que haja um único corpo no local do suposto crime. Mas omissão pra lá de irrelevante. No geral, o filme é excelente. Ótimo suspense pra começar o ano.
A cena final do filme, embora também não de toda inédita no cinema, é sublime (tentarei não revelar muito dela para não estragar): a câmera fecha em close no rosto de Clooney e o acompanhamos por alguns segundos. Percebe-se que Michael Clayton deixa esvair a tensão (presente em todo o filme) e começa a relaxar. Somos convidados a fazer o mesmo. Impossível também não se sentir aliviado. Missão cumprida. O diálogo final é de uma síntese ímpar: "Apenas dirija".


2 comentários:

Adilson Thieghi disse...

Essa história de que galã nunca é bom ator só vale em novela. O Clooney é fenomenal sempre, quem viu Queime depois de Ler passa mal de rir com ele e até com o Brad Pitt !!

Daniel Luppi disse...

Pois é, meu caro.

De fato, em "Queime depois de ler" ambos demonstram o quão talentosos são.

Mas acho o tal "galã" pode ser bom ator até mesmo em novelas, em que pese o meio onde exerce a dramaturgia.