quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A máfia como ela é

Demorar para inserir por aqui meus comentários tem grandes desvantagens. Duas semanas após a estréia de Gomorra nas salas paulistanas já não há quase nada a ser dito sobre esse excelente filme, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes (espécie de segundo lugar) e pré-concorrente italiano ao Oscar de filme estrangeiro, fortíssimo candidato a levar a estatueta (sério mesmo que o Brasil indicou o "Última Parada - 174" ?!?!?).

Muito já foi dito sobre o filme por profissionais mais que gabaritados e extremamente competentes. O que então um amador, que sequer no jornalismo cultural tem seu ganha pão, poderia comentar sobre o filme? Levando em consideração que a maioria de meus poucos mas fiéis leitores não acompanham os cadernos culturais da mídia impressa ou mesmo da net, acredito que algumas impressões pessoais possam despertar algum interesse.

Por outro lado, uma vantagem na tal "demora" em escrever. Quando vi o filme, na Mostra, fiquei maravilhado. Mas com o passar do tempo, e parece ser essa a tônica das grandes obras, o filme foi crescendo em minha predileção, a cada repassagem das cenas na memória, a cada nova leitura de críticas e resenhas. Se eu tivesse que refazer a lista de "Melhores da Mostra", com certeza ele subiria no ranking, provavelmente ocupando o 4º lugar (sem deméritos para os que baixassem de posição).

Pois bem. Vi algumas comparações da película com o "Cidade de Deus". Identidade apenas pontual, tangencial. Se tanto em um quanto outro a violência em um subúrbio é tema central, no filme italiano a discussão do problema vai muito mais longe.

Não há, como também já se disse por aí, romantização da violência.
A cena inicial do filme já escancara de pronto a intenção do filme. A máfia napolitana (Camorra) é retratada tal qual como ela é, sem romantização, sem glamour de outros filmes sobre mafiosos. Nos corretos dizeres de Sérgio Rizzo, da FSP, é a violência em estado bruto, retratando a atuação da máfia no sul da Itália de forma quase documental. Aliás, o filme tem como base o romance de não ficcção de mesmo nome, de Roberto Saviano, jurado de morte pelos mafiosos após suas pesquisas e incursões pelo submundo do crime organizado.

No filme há alguns núcleos, subcapítulos, com enfoques em personagens diversos. Há o cobrador e "pagador" da corporação, que nos leva para dentro das residências na periferia central da trama; há o jovem aspirante a mafioso; os rebeldes que sonham em derrubar a máfia, mas apenas para tomar o lugar dos chefões e serem eles próprios os principais bandidos do local (núcleo mais mais cômico, diga-se).

A principal problematização levantada pelo filme, porém, tem seu enfoque na globalização, que alcança até mesmo a indústria do crime. Aqui vê-se a máfia trabalhando para as grandes corporações industriais, fazendo o trabalho sujo, seja eliminando concorrentes do mundo da moda (imigrantes chineses), seja se encarregando de enterrar toneladas de lixo tóxico industrial.

O filme todo é de um "acabamento" ímpar. Trilha sonora (com muito pop-rock italiano contemporâneo), fotografia e montagens impecáveis, atuações excelentes. Repito: fortíssimo candidato ao Oscar. Dificilmente não ficará entre os 5 concorrentes finais.

Filme para ser visto mais de uma vez!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Estréias recentes

Tirando um pouco o atraso dos textos, comentarei sobre recentes estréias por aqui em sampa que tive a oportunidade de conferir durante a Mostra.


Da última semana, interessante o documentário sobre os maestros do tango argentino, "Café dos Maestros", já comentado aqui anteriormente. Boa pedida. Embora não seja um dos melhores documentários já feitos, é um belo trabalho.

Na semana anterior também outra grande estréia: o italiano "Gomorra", forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro. Esse merece postagem em separado, em breve.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CLIPES DO BALAIO # 6 - ESPECIAL DE FIM DE ANO

Seguindo a recente tradição desse espaço, o Clipe da Semana Especial de Fim de Ano vem em dose quádrupla (tá inflacionando a bagaça)!!

Aproveitando a chegada de 2009, Ano da Astronomia segundo a ONU, e ano em que se completará 20 anos do falecimento de Raulzito (21.08.1989), este blog presta sua homenagem ao maior roqueiro brasileiro de todos os tempos. Abrindo o "clipe" desta semana, trecho do especial infantil da Rede Globo "Plunct Plact Zum", de 1983. Momento saudosista pra quem foi criança nos anos 80, admito!

E enquanto escrevia o início desta postagem, uma intereferência nas caixas de som de meu computador (região da Avenida Paulista, quem conhece me entenderá) trouxe-me a segunda música deste especial. Nada mais apropriado para um ano que se inicia: "Don't Worry, Be Happy". Sim, siga os conselhos de Bob McFerrin e deixe as preocupações de 2008. Espero que todos alcancem seu quinhão de felicidade no ano que se inicia (e que me perdoem por mais este lugar comum). Divertido clipe também da década de 80, com participação de Robbin Williams.

Ah, não poderia deixar de lembrar das grandes mudanças que afetarão a todos nós neste 2009 que já bate a nossa porta.

Primeiro, um recado para George W. Bush: não sei porque você se atreve a prolongar essa conversa mole (vai tarde, ô infeliz!). "Seja Breve", de Noel Rosa, aqui interpretada para o Música de Bolso por Danilo Moraes e Ricardo Teté (tudo bem que ganharam de forma suspeita o festival da Cultura de 2005 e a música que apresentaram não era nem de longe merecedora sequer do segundo lugar, mas aqui fizeram um bom trabalho).

E em ano que até o trema vai cair e todo mundo vai comer linguiça (esquentada no micro-ondas, com hífen), evidente que tinha que lembrar da reforma ortográfica. Só lamento não ter encontrado música (muito menos clipe) à altura do acontecimento. Não gosto de inserir vídeos que não sejam do próprio intérprete da canção. Mas eis que a única música que me veio à mente foi "As Sílabas" de Luiz Tatit. Ok, sem muita ligação com a reforma. E bem fraco o clipe, diga-se. Serve apenas para conhecer a melodia e a letra. Mas Luiz Tatit é livre-docente em letras na Usp. Também sem muita relação, né? Então quem tiver idéia melhor me escreva e prometo começar o ano com o clipe eleito pela audiência.

Por esses dias vou correr por aqui pra inserir os sempre atrasados textos e começar 2009 com um déficit menor. Ano que vem vou começar a inserir os clipes em outro dia da semana (não sei porque, mas algo me diz que segundona não favorece).
Excelente 2009 a todos.







segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

CLIPES DO BALAIO # 5 - ESPECIAL DE NATAL!

Não foi fácil encontrar algo para o "Clipe" dessa semana. Mais difícil ainda foi selecionar algo para o "Especial de Natal", pra não passar em branco a data ("White Christmas"?!?!?!). Ok, sei que nem todos entenderam. E foi fraca mesmo.

Mas enfim.

Em dose tripla o "clipe da semana".

No primeiro clipe um divertido "Boas Festas" (de Assis Valente), interpretado comicamente pelos músicos do "Móveis Coloniais de Acaju" para o Especial de Natal do Música de Bolso do ano passado.

Depois vamos atravessar o Atlântico para ver um interessante painel das vozes e do bom som que rola hoje em dia em Cabo Verde. Nesse clipe, do Natal de 2006, alguns nomes da música atual do arquipélago africano, com direito a breve aparição da mais nova musa deste blog, a belíssima morena (e dona de uma ainda mais bela voz), Mayra Andrade. Mayra era para ser o tema de estréia do blog, com resenha sobre seu maravilhoso primeiro CD, o "Navega". Prometo para breve. Por ora, aprecie o clipe (ela aparece entre o 2:59 e o 3:11 do vídeo).

Naveguemos de volta ao Brasil então, e voltemos mais ainda no tempo.
A mesma "Boas Festas", de Assis Valente, agora na voz de Moraes Moreira, no programa "Bar Academia" da TV Manchete, em 1984, para encerrar o especial com brasilidade (e com "Brasil Pandeiro", também de Assis Valente).

É isso aí.
E boas festas!!!!





sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

NINA AGAIN!!!!

Showzaço hoje!!

A musa Nina Becker mais uma vez se apresenta em São Paulo, novamente acompanhada pela ótima banda carioca Do Amor.

No repertório, músicas de seus dois CDs de estréia previstos para início de 2009!

Não deve se igualar à festa que deve ter sido o show no Studio SP (por lá todos os shows viram festa), mas pelo menos no palco do Sesc Vila Mariana dá para analisar mais tecnicamente e sentir o som de uma outra forma, mais pura. E se não consegui ir ao Studio SP naquela ocasião, agora minha presença está garantida.

Pelo show, pela Nina, pela banda acompanhante e pelo preço (R$12,00 a inteira), programa imperdível!
Resta saber se ainda há ingressos à venda. Eu mesmo, se não fosse pelo meu primo que comprou ingressos já no começo do mês, talvez não conseguisse mais ir.

Se você for, a gente se vê por lá!
Sesc Vila Mariana, 20:30
Rua Pelotas, 141

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CINESESC: RETROSPECTIVA 2008 DO CINEMA BRASILEIRO

Ainda dá tempo!
Tá rolando, desde o dia 12/12, no Cinesesc, a retrospectiva de grande parte do que se produziu, ou estreou, nesse País em 2008!
Muita coisa boa!
Muita coisa ruim também, é verdade. Mas ainda assim uma boa chance para ver o que se perdeu no circuito ou para rever o que se gostou muito!
Alguns destaques meus, entre filmes já assistidos ou ainda não:

19/12 - Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, 19h40
19/12 - Cleópatra, de Júlio Bressane, 21h40
20/12 - Otávio e as Letras, de Marcelo Masagão (de "Nós que aqui estamos por vós esperamos"), 15h
20/12 - Última Parada 174, de Bruno Barreto, 16h40 (concorrente brasileiro ao Pré-Oscar)
20/12 - O Mistério do Samba, de Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda, 19h
20/12 - Desafinados, 20h40
21/12 - O Banheiro do Papa, 13h30 (ganhador da Mostra do ano passado)
22/12 - Ainda Orangotangos, 15 h
22/12 - Iluminados, 16h30
23/12 - O Aborto dos Outros, 13h30

Para ver a programação completa, acesse o site do Cinesesc.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tetris + Queda de braço!?!?!?!?!?

Não há limites para a criatividade humana!!!
A bagaça abaixo foi inventada pelo estadunidense Tom Gerhardt, e une o clássico game Tetris com a Queda de Braço. Os controles do "Tresling" (mistura de Tetris com "arm wrestling") foram adaptados a uma mesa de competição própria para queda de braço.
O pior é que parece divertido!
O que mais falta para ser inventado?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

CLIPES DO BALAIO # 4 : BANDA BLACK RIO

No "Clipe" dessa semana resolvi dar destaque para uma grande banda que está em cartaz todo sábado em São Paulo (não sei até quando!).
Banda Black Rio!!!!!!!!!!

Sucesso nos anos 70, Black Rio agitava as pistas com seu som predominantemente instrumental misturando funk, samba, jazz e ritmos brasileiros. Fundada por Oberdan Magalhães (que no clipe aparece tocando o sax), contava ainda, entre outros grandes músicos, com o maestro Cristóvão Bastos nos teclados (que depois se tornou parceiro de Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Elton Medeiros e outros). Com a morte de Oberdan, em um acidente de carro em 1984, a banda encerrou suas atividades. Somente em 1999 voltou à ativa, agora com nova formação liderada por William Magalhães, filho de Oberdan.

Quem quiser conferir, a banda está em temporada no Grazie a Dio todo sábado com um show em homenagem a Tim Maia. Nem se compara com o show que deram em agosto no Sesc Pompéia, espaço infinitamente melhor para receber espetáculos dessa estirpe. Mas, enquanto não voltam à Choperia do Sesc, o jeito é ir ao Grazie mesmo.

No clipe, de 1982, confira a performance dos excelentes músicos da primeira geração Black Rio executando o maior sucesso do grupo, "Maria Fumaça", que se tornou hit até mesmo na Inglaterra dos anos 80!
Bom divertimento!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Estréia de 05.12

Deixei de comentar sobre as estréias de sexta passada.
Na verdade, o único filme digno de nota eu já havia comentado por aqui: "A Fronteira do Alvorada", de Philipe Garrel.
Sem adendos ao texto anterior, apenas repito que é um bom filme. Estranho em alguns momentos, mas um belo filme. Fotografia deslumbrante, com atrizes apaixonantes. Para as moças, há Louis Garrel, filho do diretor e atual ator-onipresente do cinema francês.
Cena impagável: "lei dos limpadores de pára-brisas" (abaixo, o início da cena, inserido no trailler).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CLIPES DO BALAIO # 3, DOSE DUPLA: MISTÉRIO DO SAMBA e CARTOLA

Semana passada foi comemorado, no dia 2.12, o Dia do Samba.
E em homenagem a essa mais que justa comemoração, e como escusas por não ter feito já na semana passada referências ao Samba, nessa semana o "Clipe da semana" é em dose dupla.

O primeiro clipe foi retirado do Magnífico Filme (com maiúsculas mesmo) "O Mistério do Samba", Belíssimo Documentário de Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda. Quem não assistiu, que dê um jeito de ver. Emocionante e muito bem construído. Excelente trabalho de garimpo de Marisa Monte entre Personagens importantíssimos do Samba! Eu aceito o DVD de presente de fim de ano!

O segundo clipe é mais introspectivo, mas não menos belo. Cartola, acompanhado de Dona Zica, em aparição no Programa Ensaio, de Fernando Faro, em 1974. Dá-lhe Cartola! E viva o samba!!!

Meio triste sim, mas no fim "O Sol nascerá"!




terça-feira, 2 de dezembro de 2008

ALGUNS BRASILEIROS

Alguns comentários sobre filmes nacionais (ou em co-produção) atualmente em cartaz.

"QUARTA B", de Marcelo Galvão


Grande decepção para mim. Meu primeiro contato com o filme deu-se ano passado, na Mostra de Cinema de São Paulo. Na verdade, naquela ocasião eu assisti ao documentário "Lado B - Como Fazer um Longa sem Grana no Brasil", também de Marcelo Galvão. O diretor (muito esperto, devo reconhecer), aproveitou enquanto realizava a duras penas seu primeiro longa e já preparou seu segundo, um documentário sobre o primeiro!!
Gostei muito do documentário. Com grandes sacadas, e muito humor, conta-se todas as histórias e dificuldades da realização de "Quarta B". Fiquei muito curioso para ver o filme, que ganhou em 2005 o prêmio do júri popular na Mostra de São Paulo. Apenas uma coisa me incomodou no documentário: Marcelo Galvão não sabe receber críticas. Antes, não as entende. Se é elogio, ótimo. Se não, você é quem não sabe de nada!
Digo isso porque em determinada cena do documentário Marcelo procura no Google algum comentário sobre seu longa. Chega a uma crítica da revista Contracampo e simplesmente a ridiculariza (literalmente). Valendo lembrar o quanto a Contracampo é conceituada e séria. E digo mais: vendo o longa e relendo a tal crítica, só concordo com ela!
E o longa? Bem, uma decepção, como eu já disse. Antes, a sinopse: um tijolo de maconha é encontrado em uma sala de aula da quarta série do primário e uma reunião com os pais é convocada para tratar do assunto. Ao fim, para "se aproximar" do problema, todos fumam um baseado.
Com muitos altos e baixos (mais baixos, e não me refiro ao orçamento, pois já vi excelentes filmes rodados com parcos recursos), no geral o filme é muitíssimo inferior ao documentário.
Já começa muito mal, forçando absurdamente a "tinta" nos estereótipos. Finge ficar em cima do muro para tratar dos preconceitos da classe média sobre um tema polêmico, mas acaba sendo mais preconceituoso ainda, principalmente na textura que dá a alguns personagens. Como bem dito na Contracampo, Marcelo parece não se enxergar na própria lente. Fora uma ou outra cena com roteiro bem construído, e que ganha uma certa força por conta da excelência da maioria dos atores, o filme é uma negação. Um ponto bom: as cenas finais, em que supostos pais daqueles pais da reunião fazem declarações sobre seus filhos. Alguns diálogos bem interessantes. Mas novamente muita coisa ruim. Ressucita até a "pantera" de Maria Alice Vergueiro para tentar ganhar uma força que naturalmente não tem.
Vi recentemente uma reportagem sobre o novo filme de Marcelo, "A Rinha". Parece que nesse também ele comete o mesmo erro. Para tratar da exploração da violência levada a efeito por ricaços, que mantêm em uma piscina vazia um ringue de vale-tudo (literalmente), e para denunciar a existência de rinhas clandestinhas, Marcelo filma (adivinhe o quê?) brigas de verdade, convocando lutadores para degladiarem dentro de sua piscina. Pelas cenas que vi, bem pobre o roteiro, aliás.

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de Fernando Meirelles
Não cabe aqui fazer muitos comentários. Muito já foi dito sobre esse filme e aqui eu apenas choveria no molhado, como se diz. A respeito muito interessante o debate promovido pela Cinética entre seus colunistas, reunindo 9 opiniões distintas.
Mas alguns comentários pessoais acredito que são cabíveis.
Primeiro, vale dizer que achei muito interessante ver as ruas de São Paulo na tela. Tomadas por um cenário de guerra e destruição fictícios, como só em grandes produções americanas costumamos ver as grandes cidades do mundo. Gostei também da assinatura autoral que Fernando Meirelles impôs na tela. Mas o filme apenas me agradou levemente, sem grandes emoções. Passa de forma muito superficial em vários pontos que a princípio deveriam ser de grandes reflexões filosóficas. E não estou fazendo comparações com o livro, embora isso seja quase impossível. Quase impossível porque o grande mérito do longa é não deixar a história perder totalmente sua força. Em outras palavras, toda a força que o filme tem não vem de seu roteiro, nem da excelente interpretação de seus atores, nem da direção de Meirelles, bastante reverencial ao texto de Saramago. Vem, antes, justamente da obra do mestre português. É a história que tem força em si mesma. O que é pouco para um filme, diga-se. Mas saí me perguntando se alguém que não tenha lido o livro conseguiu, apenas com o filme, deter toda a filosofia e análise humana que Saramago propôs com a história. Talvez a ausência de tempos mortos (mesmo porque para tanto seria necessário fazer no mínimo uma trilogia a la "Senhor dos Anéis", com umas dez horas no total) e alguns cortes na trama não permitam.
PS: quanto ao livro, havia um bom tempo que uma obra não me tocava como a de Saramago. Simplesmente deslumbrante. Quem não leu, que leia!!!!
"LINHA DE PASSE", de Walter Salles e Daniela Thomaz
Quanto ao filme que valeu o prêmio de melhor atriz em Cannes para Sandra Coreveloni, direi ainda menos: apenas ASSISTA!!
Maravilhoso!
Depois de tantos filmes brasileiros falando da pobreza, da periferia, muitas vezes de forma sensacionalista ou simplista, Walter Salles toca no tema de forma sublime. Excelentes atuações (muito se disse a respeito de como todo o elenco mereceria ter ganho o prêmio de Cannes), fotografia magnífica, roteiro bem conduzido por uma direção brilhante. A violência apenas tangencia a vida dessa família, ainda que mergulhada na miséria e na dureza da vida na periferia.
A versão da internet da revista britânica "Times" divulgou ontem sua lista dos 100 melhores filmes do ano. "Linha de Passe" consta entre eles. Ainda que discutível a lista por conta de muita porcaria que também está lá, não deixa de ser uma boa referência. Por essas e outras aindo estou tentando entender apenas uma coisa: por que o indicado pelo Brasil ao Oscar 2009 foi o "Última Parada 174" e não "Linha de Passe"?? Lastimável...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

São Bernardo restaurado!

Mais uma vez faço menção a uma notícia publicada em outro blog (entre aqueles que constam da lista à direita deste Balaio).

Com conteúdo muito interessante e notícias sempre frescas, o blog "Ilustrada no cinema", da redação do caderno "ILustrada", da FSP, é sempre uma boa pedida.

A notícia da vez é a exibição no Cinebombril, nessa terça-feira às 20h, da cópia restaurada de "São Bernardo" (1972), de Leon Hirszman. A adaptação da obra de Graciliano Ramos foi apresentada recentemente no Festival de Brasília, e aqui será seguida de debate com a presença do ator protagonista, Othon de Bastos, do diretor de fotografia do filme, Lauro Escorel, do professor da USP Ismael Xavier, e com mediação do crítico Sérgio Rizzo. DE GRAÇA!

Clipes do Balaio #2 - Vexame!

Do Jazz da semana passado ao brega teatral dessa semana!
Não sou de São Paulo e, infelizmente, vários movimentos culturais à margem da grande mídia não chegam até nós do interior. E se sou viciado nesta megalópole devo isso ao fato de a cada dia poder conhecer algo novo, de todas as vertentes culturais possíveis. Refiro-me principalmente às áreas da música e do cinema, nas quais tenho maior interesse, mas não apenas a esse nicho.
Ocorre que no começo da década de 90 eu ainda não tinha aportado nesse novo vasto mundo. E, logicamente, não conhecia muita coisa que por aqui já bombava. É o caso, por exemplo, da BANDA VEXAME. Mistura perfeita de banda com teatro, com Marisa Orth nos vocais, a banda dava uma roupagem até então pouco explorada à música brega (ou MBPBB - Música Bem Popular Bem Brasileira, como preferiam dizer). Em 2006 a banda voltou a se apresentar no Sesc Pompéia. Foi quando ouvi falar da banda, mas novamente não consegui vê-la e continuei sem saber do que se tratava exatamente.
Talvez o clipe dessa semana sirva para que mais alguém, além de mim, tenha contato com a trupe! Aqui interpretam "Siga seu Rumo", sucesso da dupla argentina Pimpinela, clássico brega da época. Nesse clipe de 1992 vemos também André Abujamra e mais um baixinho que desconheço dando um show à parte. Se alguem souber quem é o tal baixinho, favor socializar a informação!

domingo, 30 de novembro de 2008

"A Duquesa"

Comentários bem atrasados, mas não é fácil manter regularidade quando escrever por aqui não é tarefa principal. Desde a Mostra eu gostaria de ter comentado sobre o filme "A Duquesa", que estreou semana passada.
Pois bem, me senti lesado quando assisti ao filme. Explicarei melhor.
A Mostra de Cinema tem recebido, cada vez mais, grupos e tribos distintos. Há o povo que chega à Mostra pra ver apenas a um determinado filme, os que acompanham os filmes com temática musical ou sobre o universo GLBT, por exemplo, e há, também, um grupo que eu chamo de "As viúvas de Mastroiani". Trata-se de algumas senhoras (e não são poucas) que acompanham a Mostra todo ano, mas que se prendem muito à temática dos filmes, de preferência com um fundo romântico, melodramático, ou algo do gênero. Os filmes com temáticas da chamada "Melhor idade" são sempre bem recebidos também. E o tema, para essas pessoas, basta para o filme ser considerado bom (em muitos casos concordo com elas, mas pra mim não basta apenas o assunto retratado).

Pois bem. Como todo ano busca-se muita informação nas filas, cada um trocando suas experiências sobre o que têm visto de pior e de melhor na Mostra, vez ou outra acaba-se dando ouvidos a certas pessoas que enfaticamente aconselham determinado filme.
Pois bem, fui ver "A Duquesa" por conta de uma dessas "viúvas de Mastroiani" (não achei apelido adequado aos homens do grupo, que existem em menor número; talvez "viúvos de Dietrich"?).
E me arrependi de ter dado atenção à Sra. que me recomendou (muito simpática por sinal, mas com gosto bem apegado aos tais 'temas').
Mas vamos ao filme.
Em minha modesta opinião, o filme é muito fraco. Fraquíssimo!
Trata-se de mais um filme de época (outro?!?!?!) estrelado pela bela Keira Knightley, dessa vez vivendo a história real da Duquesa de Devinshire, cujo parentesco com Lady Di foi muito explorado na divulgação do filme, inclusive por conta de um paralelismo entre as histórias (a tal "viúva de Mastroiani" que me "indicou" o filme adorou a "semelhança entre as histórias", além do figurino de época, "impecável"!).
A história não tem nada de muito novo, na verdade. Como não poderia deixar de ser, a protagonista tem seu casamento arranjado com o tal Duque de Devinshire, cuja única pretensão é ser pai de um herdeiro homem. A protagonista casa-se com o poder, mas não demora muito a se desiludir com tudo isso. Flerta então com o partido liberal, engajando-se em campanhas políticas das quais resulta um amante.
Ouvi algo a respeito da "força do filme", por ser baseado em uma história real. Balela. A tal história real chega sem força alguma à tela, e é extremamente superficial. Para um filme que pretende levar uma verdade histórica ao público, não há muitas informações. Aliás, bem previsível o roteiro e, por vezes, muito bobo!
Algum interesse talvez resida no papel do Duque, vivido por Ralph Fiennes. Muito bem no papel, mas o personagem em si não tem muita força (como tudo no filme). Keira está linda como sempre, mas bem inferior à sua intepretação em "Desejo e Reparação".
Enfim, filme bobinho, para quem quer apenas ver belos figurinos e as já manjadas histórias de amor impossíveis de serem vividas.
Meu conselho: não perca seu tempo. Se o intuito é ver filmes de época, há outros muito mais interessantes. Melhor ir à locadora, por exemplo, e pegar o excelente "Maria Antonieta", de Sofia Coppola. Além de belos figurinos (pra quem faz questão de vê-los), há "estofo" cinematográfico. Infinitamente melhor programa!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Estréias no cinema - 28.11

Estou devendo desde a semana passada comentários sobre "A Duquesa", filme que estreou dia 21. Mais tarde comento, mas já adianto que não me agradou. Para essa semana, duas estréias que já comentei por aqui: o excelente "Queime Depois de Ler", dos irmãos Coen, e o "Terra Vermelha", produção ítalo-brasileira.
Quanto a esse último, reforço o que já havia declarado naquela ocasião: como 'objeto de debate' o filme é mais interessante do que como 'cinema'. E ele é muito feliz ao não colocar os indígenas apenas como vítimas, ainda que escorregue no maniqueísmo em alguns momentos.

Ajuda - SOS Santa Catarina

Antes de qualquer outra coisa, uma declaração pessoal.
Fiquei um tanto abalado essa semana com as notícias vindas de Santa Catarina. Segundo relatos de uma amiga que está trabalhando como voluntária, o cenário é bem pior do que o visto pela tv. Em mais de uma ocasião nessa semana fiquei sem vontade de escrever após saber das notícias. E de longe parece quase não haver o que ser feito.
É verdade que, infelizmente, não é a única nem a primeira tragédia brasileira. Também é verdade que mesmo aqui perto de nós há inúmeras pessoas necessitando de ajuda. Mesmo assim acredito valer um esforço de solidariedade.
Acho que não cabe aqui repetir o que já está sendo dito aos montes por aí. Então apenas sugiro àqueles que possam ajudar a leitura da lista de postos aqui de SP que estão recebendo doações, publicada ontem na FSP, versão online.
Além disso, recebi por e-mail de fonte confiável a notícia de que a Hering, que tem fábrica em Blumenau, também está recolhendo roupas, alimentos não perecíveis e remédios para envio à Defesa Civil catarinense. Quem puder, basta entregar no endereço da empresa aqui em São Paulo, em horário comercial até o dia 05/12, na Rua do Rócio, 430. Haverá um quiosque montado no estacionamento para tal finalidade.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Nova Seção: Clipes do Balaio (#1)

Abro aqui uma nova seção do blog.
Algumas pessoas queridas e de bom coração (tolerantes!) já compartilhavam comigo de uma brincadeira singela, mas na qual de vez em quando nos víamos entretidos. Trava-se de enviar, via e-mail, alguns arquivos de MP3 acompanhados de breves comentários pessoais. Às vezes sem os comentários.
Vou em parte satisfazer por aqui também esse lado divulgador (não necessariamente de coisas boas; por vezes apenas jocosas!).
No "clipe da semana" (dá-lhe youtube!) postarei algum número musical que tenha, por algum motivo, me agradado. Pode ser que em determinada semana o clipe seja temático, devido a alguma data ou acontecimento importante. Pode ser que apenas seja um vídeo qualquer que eu tenha encontrado e tenha achado divertido, ou que tenha me tocado. Nessa última categoria, alías, fica o dessa semana: Dave Brubeck (piano), executando com seu quarteto a música Take Five, composição de Paul Desmond (saxofone). Não sou grande conhecedor de jazz, apenas gosto de ouvir. Mas, curioso que sou, interesso-me por ler a respeito. E foi assim que "descobri" Dave Brubeck, não faz muito tempo. Gostei muito e espero que gostem também!

História e Linguagem do Cinema

Ano passado fiz um curso que me trouxe 90% do que sei hoje sobre cinema. De fato muito bom, e recomendo para quem se interesse pela arte das salas escuras.

Trata-se do curso "História e Linguagem do Cinema", ministrada pelo crítico Inácio Araújo, da Folha de São Paulo (grande mestre, realmente profundo conhecedor do assunto, pra mim o melhor crítico dentre aqueles de jornais de grande circulação).

Com duração de um ano, com aulas ou segunda-feira à noite ou terça de manhã, a um custo justo.
Recomendo! Obrigatório para todos que têm interesse no assunto mas não conhecem muito a fundo (era meu caso). Para quem quiser se aprofundar também é um prato cheio, debates excelentes com Inácio após os vídeos.

O cronograma completo do curso, bem como maiores informações, pode ser visualizado no endereço: http://www.cursoinacioaraujo.blogspot.com/

domingo, 23 de novembro de 2008

BÁRBARA + DEL REY = A FESTA (PARTE III, OS CARAS)

Sensacional! Impressionante!!!!!
Não tenho como dizer outras palavras.
A mistura de Mombojó (a banda), China (o cantor) e Roberto Carlos (o Rei) só podia dar nisso mesmo!
Fui em vários shows nesse ano. Em várias baladas também. Mas essa foi a mais divertida, com toda certeza. Studio SP lotado (véspera de feriado), e todos cantando na mesma vibe.
Como já andaram dizendo sobre a banda Del Rey, China transforma mesmo o ambiente em um grande e alegre karaokê. Sempre estrelada sua platéia, contou com algumas participações especiais de peso no palco: Otto (ainda mais "breaco" do que algumas horinhas antes), Bárbara Eugênia, Rogério Flausino, Daniel Beleza (Corações em Fúria), Júnio Barreto...
China é uma explosão no palco, com sua dancinha esquisita e em ritmo dez vezes mais acelerada do que a música que entoa. Muito bom!!!!
As versões de Roberto, mais rápidas do que as versões originais, contagiam até àqueles que não são fãs do Rei. Mesmo as canções mais bregas ("Coisa bonita", das gordinhas, por exemplo) animaram a platéia.
Sensacional, repito!
Se não começasse tão tarde os shows do Studio SP, ou eu não trabalhasse na manhã seguinte, com toda certeza estaria presente novamente!

Bárbara + Del Rey = A FESTA (PARTE II, A MOÇA)

Me decepcionei um pouco com Bárbara Eugênia. Mas só um pouquinho.
Ela me pareceu pouco a vontade no palco, não sei se por timidez, inexperiência, ou por algum outro motivo. Bem diferente da Bárbara Eugênia que eu vi com o "3 na Massa".
Abriu o show um tanto nervosa, mas com uma música de bastante efeito (e que eu gosto muito): "Sonho colorido de um pintor", do Tom Zé. Pareceu-me, em mais de uma ocasião, que ela "engasgou" na letra, além de parecer mais rouca do que o habitual. Talvez, mais uma vez, pela aparente timidez. Não parecia nem um pouco entrosada com o palco. Pouca empatia com o público, mas aqui posso ser efeito da má-educação de seus ouvintes, como já mencionei em postagem anterior.
Mas além de linda (estilo "pin up" anos 50, ui!), a moça canta bem. Se há mesmo essas falhas que acredito ter enxergado, tenho certeza que é questão de tempo para corrigí-las.
Pontos altos do show: o repertório é muito bom, incluindo Tom Zé, Roberto Carlos, Rita Lee ("Viagem ao fundo de mim" em excelente interpretação), Serge Gainsbourg, entre outros.
A participação de Otto foi um show a parte. Sobiu ao palco já "breaco" (inclusive com um copo de cachaça na mão) e não disfarçava seus olhares de "vou te pegar" pra cima da anfitriã. Mas o cara é um showman! Muito bom!
Na próxima quarta a cantora termina a temporada no Studio SP, novamente de graça, às 21h. Dessa vez ela recebe o cantor e compositor Júnio Barreto.

Chuvas em SC

Não poderia deixar de transmitir aqui meus votos de solidariedade aos meus amigos que moram em Santa Catarina.

Os estragos com as chuvas não são poucos e já deixaram vítimas. Não sei onde está mais caótica a situação, mas a região de Blumenau está toda em baixo de água. Indaial, cidade próxima, está com acesso batante complicado, assim como as cidades de Timbó e Benedito Novo. Parece que em Camboriú e Joinville a coisa tá grave também.
Greice Oberziner, leitora deste blog e moradora de Indaial, me mandou algumas fotos da região.Bem triste a situação. Agora é torcer pra parar de chover e o nível do Rio Itajaí-Açú voltar logo ao normal.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bárbara + Del Rey = A FESTA (PARTE I, O PÚBLICO)

Alguns comentários sobre essa que, pra mim, foi a mais impressionante balada do ano até agora.
Pena que começou tão mal.
Pois bem, fui conferir os dois shows de quarta no Studio SP
Já pude presenciar alguns outros eventos do Projeto Cedo & Sentado e fiquei impressionado com a quantidade de público antes do início deste de quarta. Ou Bárbara Eugenia já esta bombando por aí e eu ignorava esse fato ou a véspera de feriado mais a presença de Otto foram grandes chamarizes para o show.
Bárbara sobe ao palco e concluo: o público foi ver o Otto.
Povo mal educado mesmo esse brasileiro. Ou será o paulistano (não fui a muitas apresentações musicais fora daqui)? A menina sobe, começa a cantar e as conversas paralelas continuam! Ok, estamos falando de um bar, mas não um bar qualquer. O Studio SP desde os bons tempos de Vila Madalena prima pela boa música. Das mais variadas vertentes. Há um público que vai atraído pela programação musical. Digo isso tudo porque em determinado momento quase não se conseguia prestar atenção ao show. Um babaca, por exemplo, queria conversar mais alto do que as caixas de som. Esse pelo menos eu consegui entender (indignado) o motivo. Ele foi tão somente para acompanhar a namorada que, coitada, ficava sozinha assintido ao show enquanto o energúmeno tagarelava sabe-se lá o que com o amigo. Esse tipo de atitude eu já vi muito em shows gratuitos, principalmente no Parque do Ibirapuera. As conversas paralelas atrapalham sobremaneira a quem quer ouvir o som, mas sendo uma grande aglomeração de pessoas em espaço aberto até se releva um pouco. Com alguma sorte se aproxima do palco e aí sim curte-se o espetáculo em maior grau.
Mas em um bar fechado? Bom, também é de graça o Projeto Cedo & Sentado... Talvez quem não pague ingresso não dê mesmo valor. Ou talvez não seja isso. Sei lá. Quando Otto subiu pra cantar apenas duas músicas esse mesmo povo até cantou junto com ele.

Alguns outros acontecimentos vieram à minha lembrança.
A primeira diz respeito a uma nota de jornal (se não me engano FSP) em meus primeiros meses em sampa, lá no início de 1997. Era a respeito de um show que, se não me falha a memória, era de Cesaria Évora. Receberia como convidada no palco a Marisa Monte. O show começa e o povo impaciente, não gostando e querendo ver Marisa, começa a vaiar a "dona" do show. Total desrespeito com a anfitriã e com o público real dela (ainda que poucos, não sei ao certo) . Esses "vaiadores" não sabiam que o show não era da Marisa, que ela cantaria apenas algumas músicas?? Não sabem o que significa "artista convidado"???? Lamentável...

Fato bastante parecido ocorreu no show de Maria de Medeiros, na cerimônia de encerramento da Mostra de Cinema deste ano.
Um grupo que estava ao meu lado, quatro pessoas aparentemente da mesma família, em total desrespeito com os outros espectadores, demonstravam EM ALTA VOZ que não estavam gostando. E não estou entrando no mérito, se era ou não bom show. Até porque isso é personalíssimo. O que discuto é: por que não se levantam e vão embora, se não estão gostando?? Gente ignorante, no sentido amplo da palavra. Em determinado momento uma delas se levantou para ver o show da bancada (quem conhece o teatro do Sesc Pinheiros sabe do que estou falando), atrapalhando a visão dos demais e tendo que ouvir um sonoro "Senta!". Ao fim da apresentação a outra menina do mesmo grupa ainda solta, aliviada, um "Ufa!", como se tivesse sido obrigada a ficar até o fim e, lógico, se ela não gostou é porque não prestava mesmo (!?). Não entendo! Ou vai embora ou fica quieto.
Ainda na Mostra, meu amigo Rogério Tahira testemunhou atitude parecida de outro energúmeno dentro de uma sala de cinema, conforme relata em seu blog, .
Por fim (e associação automática, talvez por ser mais recente, talvez por ser texto de Mariá): Mariá Portugal (ah, Mariá!!!! ai, ai) comentou algo bastante semelhante em seu blog. Foi a um show no Sesc Pompéia e, lá também, as malditas conversas paralelas! O que presenciei no Studio, porém, acredito ser mais grave, assemelhando-se com as vaias que antecederam a subida de Marisa Monte naquele tal show de 1997. Marisa lá e Otto no show de Bárbara, ao contrário de Alva Noto (no show comentado por Mariá), eram apenas convidados.
Mas deixa pra lá. Minha indignação não será "ouvida". Muitas conversas paralelas impedem.

NEGRITUDE!

Mais tarde (ou amanha) comento sobre os shows passados, sobre as estréias do cinema e sobre alguns shows do fim de semana.

Por ora, apenas minha pequena homenagem ao dia de hoje.

Faço minhas as palavras de André Abujamra na música "Olho Azul", "racismo é um rio poluído".
Não achei vídeo melhor, mas até que tá bem feitinha a edição.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

BÁRBARA!!!!!!! E VIVA O REI!



Pra começar bem o feriado de Zumbi, dois showzaços no Studio SP, nesta 4ª Feira!
Às 21h, e de graça, tem a bela e talentosa Bárbara Eugênia no Projeto Cedo & Sentado.
Pude ver a moça em dois shows do "3 na Massa" (substituindo ao vivo algumas cantoras do CD)e fiquei boquiaberto. Detona no microfone. Fora que é uma graça de menina e, super espontânea no palco com seu jeitinho meio rock anos 50, deu um banho de talento até em Marina de La Riva na primeira apresentação ao vivo do "3 na Massa", nesse mesmo palco do Studio SP.
Agora volta com repertório de seu futuro CD de estréia e muito bem acompanhada no palco, com participação especialíssima de Otto!!
No mesmo palco, pouco depois, tem show de "Del Rey".
Formada por músicos do Mombojó e por China no vocal, a banda tem em seu repertório apenas canções de Roberto Carlos.
Dê uma olhada no que Rodrigo Ortega, do Pílula Pop, comentou a respeito da apresentação deles na última festa do VMB (com direito a vídeos!).
No mínimo divertidíssimo!!!!!

domingo, 16 de novembro de 2008

A ÁRDUA TAREFA DE LISTAR - PARTE III (OS MELHORES)

Enfim minha listagem dos melhores da Mostra deste ano. A idéia era selecionar no máximo 10, mas não consegui excluir o excedente (foram 65 filmes vistos, tarefa ingrata essa de selecionar!). Mais ou menos em ordem de preferência.

1) "Aquele Querido Mês de Agosto"
2) "Leonera"
3) "24 City"
4) "Loki - Arnaldo Baptista"
5) "Palavra Encantada"
6) "Three Monkeys"
7) "Gomorra"
8) "Moscou, Bélgica"
9) "O Estranho em Mim"
10) "A Floresta dos Lamentos"
11) "Caixa de Pandora""
12) "Che"
13) "Queime Depois de Ler"
14) "Absurdistan"

Também me agradaram muito:


1) "Palermo Shooting" - não é o melhor Win Wenders, mas ainda assim é bem acima da média
2) "Il Divo" - Grande filme, mas agrada mais a quem conhece a política italiana; muitas informações, roteiro difícil de ser acomapanhado
3) "A Erva do Rato" - ainda estou refletindo sobre o filme, e só aumentam as qualidades para mim. Grande filme, mas difícil.
4) "O'Horten" - belíssima surpresa norueguesa;
5) "Jodhaa Akbar" - Divertidíssimo!!!! muito agradável, mas tem que ser visto com concessões
6) "Duska" - não chega a ser um primor de filme, mas gostei muito. Belas metáforas envolvendo cinema.

Em breve, comentários individualizados (caso ainda não publicados).

Texto (?) no "Contusão..."

Danilo, grande brother, mantém um blog, o "Contusão de estórias".
O cara manda bem, mas não anda postando muito ultimamente.
Eu de vez em quando, a convite dele, ponho umas bobagens por lá. Inseri uma agora.
Visite!

sábado, 15 de novembro de 2008

SOB A MESMA LUA

Ainda sobre a Mostra (que será um assunto constante por aqui durante um bom tempo ainda), mas também sobre uma estréia deste fim de semana.
Há vários filmes excelentes que são exibidos na Mostra de São Paulo que, por não terem chance de êxito comercial, acabam não sendo comprados pelas distribuidoras para exibição no circuito.
E dentre tantas preciosidades, às vezes são os mais fraquinhos que acabam sendo comercializados. É o caso do mexicano "Sob a Mesma Lua", que estreou nesta sexta feira em sampa.
O filme é extremamente previsível, do começo ao fim (tanto que contarei o fim nesta postagem). Apesar de muito bem filmado, com alguns momentos até interessantes, no geral ele é óbvio e recheado de clichês. Não tenho nada contra clichês, se bem utilizados. Mas não é o caso de "Sob a Mesma Lua". Aqui o clichê é apenas uma fórmula para agradar à massa. Uma espécie de Daniel Filho, Xuxa ou Renato Aragão mexicano. "Filme da família mexicana", no pior sentido em que o termo possa ser utilizado.
Apenas os protagonistas, vividos pela guapissima Kate del Castillo e o carismático garoto Adrian Alonso, e o tema um tanto espinhoso, especialmente para mexicanos e americanos, talvez valham a entrada.
Pois bem. A trama diz respeito à imigração de mexicanos, que entram clandestinamente nos EUA, especialmente na Califórnia. Como disse, um tema espinhoso que, por si só, até dá um certo crédito à diretora (Patricia Riggen). Mas as escolhas para retratar a situação soam como mais um filme melodramático mexicano, ainda que tratado com leveza (mais uma vez, para tornar palatável à "família").
Acompanhamos as "aventuras" dos protagonistas, mãe e filho de 9 anos, separados há 4 anos. Ela imigrante ilegal, ele ainda no México. Com a morte da avó, o menino (muito esperto) resolve entrar sozinho nos EUA atrás de sua mãe. Há alguns momentos interessantes na trama, de tensão e reviravolta. Mas, no geral, é óbvio: não precisa ser muito inteligente para perceber que o filme terá um final feliz. A cena final é de extremo mal gosto. Musiquinha "comovente" tocando no encontro de mãe e filho, a câmera se revezando entre um e outro, com cada vez mais close para que não reste dúvida de quanto estão emocionados com o reencontro. Péssimo. Mas pelo menos aqui fugiu do clichezaço da corrida com abraço!
O filme não é de todo ruim, principalmente para quem não for tão crítico. Mas tendo outro para assistir, vá ao outro!!
PS: um momento que gostei. Há uma cena em que a música de fundo se chama "Superman es ilegal". Sensacional! Sim, Clark Kent não tinha visto e ainda assim é o maior herói dos EUA!!!! Sem visto, como conseguiu trabalho? Grande sacada.
Não encontrei a gravação da versão do filme. A música foi gravada originalmente por um grupo chamado "Los Hermanos Ortiz", na década de 70. A do filme, porém, é mais rápida e mais animada. Eis a gravação original:

Chef Julinho

Não costumo fazer referência ao que já consta ali, na lista de outros blogs que julgo interessantes.

Mas de vez em quando acho um ou outro texto tão bom que penso ser justa uma ressalva aqui no corpo do blog também.

Para quem gosta de comer bem, sugiro uma xeretada no blog do Chef Julinho (Papo de Boteco). O cara é uma metralhadora. Fala mal de um monte de restaurante metido a besta, preferidos dos mauricinhos crescidos em redoma de cristal. E sempre de forma muito coerente e sensata!

Sua última postagem é mais light, mas muito interessante. Acesse e leia: http://chefjulinho.blogspot.com/2008/11/pela-democratizao-de-nossos.html

Raulzito

Acabo de chegar do show em homenagem à obra de Raulzito, no Sesc Pompéia.
Gostei!

Com excelente produção e direção musical (de Daniel Ganjaman, do Instituto), o show foi aberto por Pélico. Bela surpresa. Embora com arranjos conservadores, respeitando bastante a sonoridade original das gravações de Raul, o sujeito me surpreendeu. O conhecia apenas de fama, que se justifica: o cara canta muito. Seu timbre de voz me lembrou muito o de Raulzito (talvez até mesmo por causa dos tais arranjos conservadores, não sei).

Depois veio Rebeca Matta. Sensacional!!!!
Teatral, a maluquete é só espontaneidade no palco. E o melhor: subverteu a sonoridade original das canções, imprimindo um novo jeito de cantar a "Maluco Beleza", por exemplo. Eu já a havia visto em um show do Projeto Disco de Ouro, no mesmo Sesc Pompéia, cantando músicas de "Tropicália" e, já naquela ocasião, me chamou bastante a atenção. A menina é fenomenal. Extremamente afinada, bela voz!
Raulzito deve ter ficado contente com sua conterrânea, tão maluca beleza quanto ele, participando dessa homenagem!!
Mesmo no bis, quando todos estavam no palco cantando "Sociedade Alternativa", sua voz se sobressaiu aos demais. Rebeca "gritou" por um bom tempo, mas afinadíssima e com um fôlego incrível, fazendo um excelente pano de fundo para os demais prosseguirem cantando!! Surpreendente!

Elza Soares foi decepcionante. Não que não cante bem. Lógico que canta. Mas, tirando a primeira canção ("A Maçã", que, aliás, ficou muito boa na sua voz; por mim merecia uma gravação), em todas as demais ela ficou perdidaça no palco. Ora parecia não lembrar a letra (mesmo lendo!), ora provava que não sabia o ritmo, errando e atropelando toda a música, o que ficava mais evidente por conta dos arranjos originais, mais que conhecidos de toda a platéia. Tanto na programação oficial de novembro do Sesc (versão impressa), quanto no cartaz na porta do teatro, seu nome não constava do elenco do show. Aparentemente foi encaixada de última hora. Não deve ter tido muito tempo para ensaio. Uma pena. "Medo da Chuva" e a belíssima "O Homem" mereciam melhor atenção, e não o massacre a que foram submetidas.
Se ao menos Dona Elza não tivesse entrado depois de Rebeca sua performance talvez não tivesse sido tão nitidamente fraca.

Marcelo Nova é Marcelo Nova, praticamente dispensa comentários. Admiro seu trabalho, principalmente por ser o último grande parceiro de Raulzito, grande ídolo meu e de tantos outros. Mas sem Raulzito cantando junto, Marceleza não tem o mesmo impacto. Mas ainda assim, sempre bom vê-lo cantando ao vivo. Ele e a banda toda. Raro ver a execução das músicas de Raul Seixas com uma banda desse porte e com a qualidade à altura do maior roqueiro brasileiro de todos os tempos. Das backing vocals à percussionista (incluindo Guizado no trompete) Ganjaman reuniu um time de peso para a tarefa, com ele prórpio no piano e no teclado (e nos vocais - e se perdendo um pouco também - em "Caroço de Manga"). Belo show!

Se minhas dicas ainda tiverem alguma valia para meus poucos leitores, eu vos digo: vale a pena ver o show! Até domingo, dia 16.11, no Sesc Pompéia. Sábado às 21h, domingo às 18h. R$ 24,00 a entrada inteira (R$ 12,00 p/ estudantes e R$ 6,00 p/ comerciários).

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Shows do fim de semana!

Voltei após alguns dias de merecidas férias na estância musical de Tatuí (sim, a Cidade Ternura, como é carinhosamente chamada por seus habitantes, é também a Capital da Música!).

Por sorte, este último fim de semana antes de voltar à minha atividade profissional principal (sem nenhuma relação com cinema ou música) promete ser bem agitado aqui em Sampa.

Como a intenção desse blog nunca foi se tornar um guia completo de programação cultural (nunca conseguiria, por falta de habilidade e de disponibilidade), apenas friso algumas coisas que são também de meu interesse!

Então eis meus destaques deste fim de semana:

- De hoje (14.11) a domingo (16.11), no Sesc Pompéia, rola a terceira edição do Projeto "Viagens: O Início, o Fim e o Meio". Dessa vez o projeto revê a obra de Raulzito!! Com Marcelo Nova (parceiro de Raul Seixas no disco "Panela do Diabo"), Elza Soares, Rebecca Mata e Pélico. Marcelo Nova e Elza Soares dispensam apresentações; do Pélico eu só conheço a fama (tá bombando no circuito alternativo); Rebecca Mata é baiana (assim como Nova), e já a vi em um show em homenagem ao disco "Tropicália". Gostei muito! Esse show promete!


- Hoje e amanhã, no StudioSP, showzaço com a Orquestra Imperial!
Quem pôde acompanhar a banda na Virada Cultural desse ano sabe bem do que se trata. Coletivo "estrelado", a Orquestra Imperial tem nos vocais as beldades Nina Becker e Thalma de Freitas, além de contar com Moreno Veloso (filho de Caetano), Kassin (superprodutor de vários artistas de sucesso de crítica e de público), Rodrigo Amarante ("Los Hermanos"), Nelson e Rubinho Jacobina (pai e filho, o pai é compositor de "Maracatu Atômico", sucesso de Jorge Mautner e regravada por Chico Science), Domenico (do projeto "+2", com Moreno e Kassin), Pedro Sá (virtuose da nova geração de músicos nacionais), entre outros craques.

Por onde passa, entre uma música mais calminha e outra mais agitada, deixa sempre um clima de carnaval de salão ou de bloco carnavalesco carioca. Imperdível!!!!

Uma pequena amostra, como aperitivo (infelizmente não encontrei uma "agitada" em boa definição de imagem; aqui a banda participa do especial da Globo em homenagem a Noel Rosa, que também é parte do repertório da Orquestra Imperial):

sábado, 8 de novembro de 2008

A ÁRDUA TAREFA DE LISTAR - PARTE II (Apresentações especiais)

Já me referi anteriormente aos programas especiais organizados pela Mostra todo ano, como as retrospectivas de certos diretores e a Carta Branca dada a figurões do cinema para que montem sua programação especial. Há também exibição de clássicos restaurados e de filmes mudos com música executada ao vivo. Excelentes programas proporcionados em cada edição da Mostra. Listo aqui os que vi até mesmo para excluí-los da lista dos melhores (adotei como critério apenas os filmes novos).

Se por um lado não pude ver "O Poderoso Chefão" na tela grande em versão restaurada, nem a retrospectiva de Hugh Hudson ou a série "Berlin Alexanderplatz", de Fassbinder, pude conferir outras preciosidades.

Da série "Carta Branca a Win Wenders", vi "O Garoto Selvagem" e "A Sereia do Mississipi", ambos de Truffaut;
Da retrospectiva completa de Trapero, conferi "Do outro lado da Lei" e "Mundo Grua", além do novo "Leonera";
Da retrospectiva de Kihachi Okamoto, ídolo e influência de Quentin Tarantino, consegui ir apenas à sessão de "Os Sete Rebeldes" (com direito a ganhar diretamente das mãos da viúva do diretor um origami);
Com a Octuor de France executando a trilha sonora ao vivo, os silenciosos "O Homem que ri" e "Poil de Carote";
E, enfim, André Abujamra também deu o ar de sua graça nessa edição, com o filme-show "Retransformafrikando", com banda ao vivo executando a trilha da vinheta (que é de sua autoria) e de seu filme.

A ÁRDUA TAREFA DE LISTAR - PARTE I (OS PIORES)

Terminada a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é hora de fazer balanços.
Vários blogueiros e alguns meios de comunicação impressa ou da internet já listaram seus melhores e piores. Eu particularmente nunca me vi fazendo listas similares, mas alguns amigos já vieram me perguntar o que eu já tinha visto de bom, ou de ruim. Levando em conta isso e também a grande quantidade de filmes que consegui ver esse ano (65, se contarmos também com o filme-show de André Abujamra, o "Retransformafrikando"), resolvi entrar na brincadeira e listar meus melhores e piores.

Tarefa dificílima. Alguns títulos saltam automaticamente à mente, seja por serem excelentes, seja por serem péssimos. Mas fazer uma lista é outra história.

Resolvi começar pelos piores (por achar mais fácil; vou ficar devendo pra logo mais os melhores). Elegi apenas 7. Há outros que mereceram uma reflexão maior antes de mandá-los diretamente para o limbo. Escapam por pouco da lista! Mas os sete eleitos, esses não têm chance: achei uma porcaria só!

Oportunamente publico meus motivos, se já não publicados.

Eis os piores em meu conceito:

1) FORMIDÁVEL (Bélgica), de Dominique Standaert
2) MAIS SAPATOS (Estados Unidos), de Lee Kazimir
3) EL GRECO (Grécia/Espanha/Hungria), de Iannis Smaragdis
4) SOB A MESMA LUA (México/EUA), de Patricia Riggen
5) ENCARNACIÓN (Argentina), de Anahí Berneri
6) ICE (Japão), de Makoto Kobayashi
7) A DUQUESA (Dinamarca, EUA, Reino Unido, Itália, França), de Saul Dibb

SALOMÃO

Leonardo Cruz deu a dica no "Ilustrada no cinema": até quinta-feira no Cinebombril, e de graça, pré-estréia de "Pan-cinema permanente", documentário de Carlos Nader sobre Wally Salomão!

Imperdível!!!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

SESC EM NOVEMBRO

Apenas alguns destaques da programação do SESC SP para o mês de novembro:


A peça "Senhora dos Afogados", de Nelson Rodrigues, continua em cartaz no SESC Santana até o dia 30/11, às sextas, sábados (21h) e domingos (19h30). Com direção de Antunes Filho e encenada pelo Grupo Macunaíma de Teatro e pelo CPT (Centro de Pesquisas Teatrais do Sesc Consolação).

Lô Borges se apresenta neste fim de semana (8 e 9) no Sesc Pinheiros. Também em Pinheiros, nos dias 11 e 12, show de Bebel Gilberto, e nos dias 14 a 16, Lenine.

Dia 13 tem Nervoso e os Calmantes no Sesc Pompéia. Também no Pompéia: Rita Ribeiro, Maria Alcina, Perla, Márvio, Tatá Aeroplano e Big Band na "Festa Mix Brasil nas Paradas de Sucesso", na chopperia no dia 14. De 14 a 16, no Teatro, o Projeto "Viagens - Início, Meio e fim" tem Marcelo Nova, Elza Soares, Pélico e Rebecca Mata revisitando a obra de Raul Seixas.

Show "Coisa de Preto" com Galocantô, Os Crioulos e Carlos Dafé, no dia 15, na Chopperia.

MOSTRA CONTEMPORÂNEA DE ARTE MINEIRA: no dia 18/11, Lô Borges e Samuel Rosa juntos no Palco do Sesc Pompéia

Na Vila Mariana, Pedro Luís e a Parede voltam a fazer show em São Paulo nos dias 21 e 22.

Pra quem curte cinema, tá rolando no Cinesesc o Festival Indie 2008, até o dia 12. Boa pedida para ver filmes que dificilmente entrarão no circuito comercial. Nesse ano o festival homenageia o diretor japonês Kôji Wakamatsu, exibindo suas produções eróticas de baixo orçamento (Pink Films).

Consulte a programação completa do festival e dos demais shows e peças teatrais do mês no site do SESC. Há muita coisa boa.

Sexta agitada

Ótimas estréias para esta sexta-feira nos cinemas.
Além do ótimo "Leonera" (já comentado neste espaço), do argentino Pablo Trapero (com Rodrigo Santoro no elenco), estréia também "O Silêncio de Lorna", dos cultuados diretores Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (de "A criança").
No esquema blockbuster tem também o novo 007 e "A pantera cor-de-rosa 2" (este nem tão arrasa quarteirão).
Ainda na tela grande, o HSBC Belas Artes antecipa o Noitão desse mês e exibe, a partir da meia-noite de sexta para sábado duas grandes novidades: "Vicky Cristina Barcelona", novo longa de Woody Allen, com Penélope Cruz, Scarlett Johansson e Javier Barden, e "Rebobine, por Favor", comédia de Michel Gondry (de "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças"), com Jack Black, Danny Glover, Mia Farrow, Sigourney Weaver e outros no elenco. Há também um filme surpresa, sorteio de brindes e café da manhã para os sobreviventes.

Pra quem ainda tá meio empapuçado por conta da Mostra e quer fugir da sala escura, nesta sexta tem Banda Glória na Aldeia Turiassú! Como sempre, excelente pedida!

Acabou-se!

Encerrou-se a 32ª Mostra. Agora, só ano que vem!
E nem deu tempo (foram tantos os filmes vistos por este blogueiro - 66!) de comentar todos os filmes vistos.
Aos poucos vou registrando minhas opiniões pessoais (para caso algum estréie eventualmente, já deixo registrado).
Agora é entrar no esquema do circuito de novo.
A gente se esbarra em alguma sala da cidade!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O melhor Trapero e sua leoa

Com estréia prevista no circuito comercial para o próximo dia 07/11, o novo longa de Pablo Trapero, "Leonera", é o seu melhor até agora.

Já na arrepiante abertura, ainda nos letreiros, o filme deixa claro do que se trata: tendo como trilha a versão em espanhol para a música infantil "Ora, bolas", de Paulo Tatit, o filme abre com imagens da prisão para onde, logo mais, a protagonista será mandada grávida.
A idéia presente no contraste "universo infantil X presídio" já tem em si um forte impacto, mas o filme não se limita a apenas isso.
Martina Gusman, esposa de Trapero, interpreta uma mulher que mata seu namorado ao flagrá-lo com outro homem, vivido por Rodrigo Santoro. Enviada ao presídio ainda grávida, dará à luz e permanecerá com seu filho até que este complete 4 anos, de acordo com a legislação argentina. É traída também por sua mãe, que tenta se apossar do neto sem o consentimento da filha.
É basicamente um filme sobre instinto materno e sobre o amadurecimento vivido pela protagonista durante o cárcere.
Martina Gusmán está excepcional no papel principal e era apontada como favorita ao Cannes deste ano (quem acabou levando o prêmio foi a brasileira Sandra Corveloni, de "Linha de Passe"). Esposa de Trapero, até então havia se destacado apenas como produtora de vários filmes, tendo estreado como atriz em "Nascido e Criado" (2007), também de Trapero.
Rodrigo Santoro tem um papel pequeno mas importante para a trama. No papel de amante do marido da protagonista, passa a visitá-la na prisão. Ao que tudo indica a relação dos três era bem mais complicada do que inicialmente alegado pela defesa da assassina.
A mãe de Martina é representada por Elli Medeiros, atriz e cantora uruguaia mas radicada na França desde os 14 anos de idade. Também um pequeno mas importante papel.
Uma curiosidade: Elli surgiu como cantora na França no fim dos anos 70 à frente de uma banda punk, os Stinky Toys. Já em carreira solo, estourou os hits "Toi mon Toit" e "A bailar Calipso", em 1986 e 1987 (uma espécie de Gretchen um pouco menos vulgar e bem mais bonita). No clipe de "Soulève Moi" (mais recente) está irreconhecível, não lembrando em nada sua personagem em "Leonera".
O filme é co-produzido por Walter Salles.

Outros Traperos

Uma boa oportunidade que a MOstra vem proporcionando ano após ano em é a possibilidade de ver (ou rever) a cinematografia completa de um ou outro diretor.


Eu já havia visto "Família Rodante" e "Nascido e Criado" (este último na 31ª Mostra, ano passado). Com "Mundo Grua" (1999) e "Do outro lado da lei" (2002) completei a cinegrafia de Pablo Trapero antes de embarcar em seu útlimo longa, "Leonera".


No primeiro, apesar dos altos e baixos do filme, Trapero já mostrava seu potencial logo em seu longa de estréia. Excelente fotografia em preto e branco e alguns diálogos memoráveis dão o tom para o filme que acompanha a vida de um operário, operador de grandes máquinas (gruas).


"Do outro lado da lei" é formidável. Excelente construção de personagens, roteiro muito bem delineado, tensão na medida certa. O filme acompanha um interiorano que, após envolvido em um pequeno roubo, parte para Buenos Aires para "mudar de lado", ingressando na força policial ("bonaerense", como no título original).


Se encontrar na locadora (principalmente o segundo), não deixe de ver. Se possível, antes de ir ver "Leonera" no cinema.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ainda sobre "Aquele querido mês de agosto". Epá!

Roger Tahira, amigo que me acompanhou em alguns filmes desta mostra, escreveu muito bem sobre esse que é meu filme preferido dessa mostra, citando trechos memoráveis.

Para não repetí-lo, eis o link.

Meu texto anterior: aqui.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Blow up + O Sétimo Selo

Desde que estreou mundialmente no Festival de Cannes deste ano, o novo longa de Win Wenders, "Palermo Shooting", tem dividido público e mais desagradado do que satisfeito os críticos. Talvez até mesmo pela pretensão em fazer um filme em homenagem aos mestres Michelângelo Antonioni e Ingmar Bergman.

Embora não seja o melhor Win Wenders, o filme é bastante interessante. Narra a crise pessoal de um fotógrafo famoso mundialmente (qualquer semelhança com "Blow Up", de Antonioni, não é mera coincidência) interpretado por Campino, vocalista da banda de punk-rock alemã "Die Toten Hosen", em excelente atuação (excelente direção de atores, como de costume em se tratando de WW). Excelentes diálogos, mas um tanto herméticos por conta dos temas filosóficos tratados no filme: morte, passagem do tempo, amor, solidão.

Em uma das passagens, a exemplo de "O Sétimo Selo" de Bergman, o protagonista trava um diálogo com a morte (interpretada por Dennis Hooper).

Outras curiosidades do filme: a cidade de São Paulo é destaque logo no começo da história, com seus outdoors desativados servindo de estrutura para a exposição do fotógrafo. O MASP também é citado, com direito a uma maquete.

A trilha sonora também é um capítulo a parte: Nick Cave, Lou Reed (que faz uma ponta no filme), Fabrizio de Andre, entre outros. Bem inserida na história, a música é um contraponto aos acontecimentos. O que se ouve é a música ouvida pelo personagem, cessando a trilha quando o fone de ouvido é retirado. Recurso interessante, fugindo da usual trilha "pano de fundo".

No próximo dia 04/11 será exibido o "making off" do filme, além de comerciais raros dirigidos por Bergman (excelentes, diga-se!!!) e o belo curta-metragem "Cry me a river" (na foto), de Jia Zhang-Ke. No Cinesesc, às 17:40.

NADA FORMIDÁVEL



Aparentemente incluído de última hora na Mostra (não consta do catálogo e estreou no último dia do festival), o filme "FORMIDÁVEL" (FORMIDABLE), de Dominique Standaert, não faz jus ao nome.

Uma porcaria!

Fraquíssimo, o filme tenta se sustentar com base em piadas extremamente ingênuas e sem graça (uma ou outra até se salva), apelando também para um carisma que seus personagens até parecem se esforçar para conseguir, mas sem resultado. Uma sucessão de besteiras do começo ao fim. Da dupla de atores principais, um é totalmente sem expressão. O filme até que é bem filmado, mas o roteiro é muito fraco.

Fuja da sessão extra prevista para o dia 5/11!

domingo, 2 de novembro de 2008

Restante da programação - última semana

Segunda-feira (3)
CINE BOMBRIL 1
14h – “Set”, de Adriana Camacho (México)
15h30 – “Moscou, Bélgica”, de Christophe van Rompaey (Bélgica)
17h30 – “Mataram a irmã Dorothy”, de Daniel Junge (Brasil/EUA)
19h20 – “O estranho em mim”, de Emily Atef (Alemanha)
21h20 – “I bring what I love”, de Elizabeth Chai Vasarhelyi (EUA)

CINESESC
14h – “A rainha Célia”, de Joe Cardona e Mario de Varona (EUA/Japão)
15h50 – “Manda o diabo para o inferno”, de Gini Reticker (EUA)
17h20 – “Contratempo”, de Malu Mader e Mini Kerti (Brasil)
19h20 – “Zebra crossing”, de Sam Holland (Reino Unido)
22h – “Vá em paz, Jamil”, de Omar Shargawi (Dinamarca)

Terça-feira (4)
CINE BOMBRIL 1
14h – “3 estações”, de Jim Donovan (Canadá)
16h – “45 RPM”, de David Schultz (Canadá)
17h50 – “A rota do guerreiro”, de Andreas Pichler (Alemanha/Suíça/Itália)
19h40 – “24 City”, de Jia Zhang-ke (China)
21h50 – “Cavalo de duas patas”, de Samira Makmalbaf (Irã)

CINESESC
14h – “Peace mission”, de Dorothee Wenner (Alemanha)
15h40 – “Amor resgatado”, de Lu Fengcai (China)
17h40 – Programa surpresa – “Cry me a river”, comerciais de Bergman e makig of de “Palermo shooting”
19h10 – “Vá em paz, Jamil”, de Omar Shargawi (Dinamarca)
21h – “Deixa ela entrar”, de Tomas Alfredson (Suécia) + “Monkey joy”, de Amir Admoni (Brasil/Holanda)

Quarta-feira (5)
CINE BOMBRIL 1
14h – “El bosque”, de Pablo Siciliano e Eugenio Lasserre (Argentina/México)
16h – “Escrito”, de Kim ByungWoo (Coréia do Sul)
17h50 – “Formidável”, de Dominique Standaert (Bélgica)
19h40 – “Vá em paz, Jamil”, de Omar Shargawi (Dinamarca)
21:30 – “Um homem bom”, Vicente Amorim (Reino Unido/Alemanha)

CINESESC
14h – “Dr. Alemán”, de Tom Schreiber (Alemanha)
16h10 – “Deus homem cachorro”, de Singing Chen (Taiwan)
18h30 – “Cavalo de duas patas”, de Samira Makmalbaf (Irã)
20h30 – “Horas de verão”, de Olivier Assayas (França)
22h30 – “Os primeiros anos de Wim Wenders”, de Marcel Wehn (Alemanha)

Quinta-feira (6)
CINE BOMBRIL 1
14h – “Oso blanco”, de Christian Suau e Ramiro Millan (EUA)
15h40 – “Ice”, de Makoto Kobayashi (Japão)
17h40 – “Of all the things”, de Jody Lambert (EUA)
19h20 – “Hanami – Cerejeiras em flor”, de Doris Dörrie (Alemanha)
21h50 – “Cavalo de duas patas”, de Samira Makmalbaf (Irã)
* Programação sujeita a alterações.

JIA ZHANG-KE

Mais um belíssimo trabalho do jovem cineasta chinês Jia Zhang-Ke. "24 City", seu novo documentário (na verdade um mix de documentário com encenação!), é também o nome de um condonímio de alto padrão em construção onde antes funcionava uma fábrica aeronáutica estatal (fábrica 420), em Chengdu.


Mais uma vez, o chinês (de fato grande Artista, na melhor concepção!) dá grande importância aos cenários e às locações para retratar uma China que se moderniza mas que, na essência, não muda para seus habitantes. O dia-a-dia dos habitantes é o foco: velhos operários da antiga fábrica, moradores de Chengdu, antes e depois do fechamento da fábrica.





Cinema de notável realismo, com uma beleza plástica impressionante. Os depoimentos são excelentes e muito emocionantes. Em meu conceito, é o melhor filme de Jia Zhang-Ke que, com suas filmagens, imprime beleza e cor até ao cinza da paisagem urbana deteriorada de Chengdu.






Vale muito a pena conferir! Na repescagem no dia 04/11, no CineBombril, às 19:40!
Neste domingo, 2/11, o Cinesesc exibirá outra bela obra de Jia, "Cry me a river", curta metragem. Também serão exibidos comerciais raros dirigidos por Ingmar Bergman e o Making off de "Palermo Shooting", de Win Wenders. No Cinesesc, às 20:00.