quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O melhor Trapero e sua leoa

Com estréia prevista no circuito comercial para o próximo dia 07/11, o novo longa de Pablo Trapero, "Leonera", é o seu melhor até agora.

Já na arrepiante abertura, ainda nos letreiros, o filme deixa claro do que se trata: tendo como trilha a versão em espanhol para a música infantil "Ora, bolas", de Paulo Tatit, o filme abre com imagens da prisão para onde, logo mais, a protagonista será mandada grávida.
A idéia presente no contraste "universo infantil X presídio" já tem em si um forte impacto, mas o filme não se limita a apenas isso.
Martina Gusman, esposa de Trapero, interpreta uma mulher que mata seu namorado ao flagrá-lo com outro homem, vivido por Rodrigo Santoro. Enviada ao presídio ainda grávida, dará à luz e permanecerá com seu filho até que este complete 4 anos, de acordo com a legislação argentina. É traída também por sua mãe, que tenta se apossar do neto sem o consentimento da filha.
É basicamente um filme sobre instinto materno e sobre o amadurecimento vivido pela protagonista durante o cárcere.
Martina Gusmán está excepcional no papel principal e era apontada como favorita ao Cannes deste ano (quem acabou levando o prêmio foi a brasileira Sandra Corveloni, de "Linha de Passe"). Esposa de Trapero, até então havia se destacado apenas como produtora de vários filmes, tendo estreado como atriz em "Nascido e Criado" (2007), também de Trapero.
Rodrigo Santoro tem um papel pequeno mas importante para a trama. No papel de amante do marido da protagonista, passa a visitá-la na prisão. Ao que tudo indica a relação dos três era bem mais complicada do que inicialmente alegado pela defesa da assassina.
A mãe de Martina é representada por Elli Medeiros, atriz e cantora uruguaia mas radicada na França desde os 14 anos de idade. Também um pequeno mas importante papel.
Uma curiosidade: Elli surgiu como cantora na França no fim dos anos 70 à frente de uma banda punk, os Stinky Toys. Já em carreira solo, estourou os hits "Toi mon Toit" e "A bailar Calipso", em 1986 e 1987 (uma espécie de Gretchen um pouco menos vulgar e bem mais bonita). No clipe de "Soulève Moi" (mais recente) está irreconhecível, não lembrando em nada sua personagem em "Leonera".
O filme é co-produzido por Walter Salles.

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