segunda-feira, 20 de julho de 2009

I'LL BE BACK!


É com pesar que anuncio que a 3ª edição da "Jornada Agostina de Biritagem Cultural" não será realizada neste ano, por motivações técnicas e pessoais.
Agradeço e peço desculpas aos que já começavam a cobrar a reedição dos festejos ocorridos nos dois anos anteriores. Mas ano que vem bolamos algo para celebrar a festa que, ano passado, foi coberta pelo blog-embrião deste Balaio. Quem sabe não retornamos com patrocínio, inclusive para a festa de encerramento!

terça-feira, 14 de julho de 2009

ENGARRAFAVA BRUMAS E COLECIONAVA ARCO-ÍRIS

Lírico. E o lirismo vai muito além do título em "O HOMEM QUE ENGARRAFAVA NUVENS", novo documentário de Lírio Ferreira, sobre HUMBERTO TEIXEIRA, o "Doutor do Baião". Sinestesia completa, seja na música que invade a tela de colorido vivíssimo, seja na poesia construída com edição e montagem perfeitas. A fotografia, por sinal, é um desbunde, obra do cracaço Walter Carvalho.
Após a bela abertura em "cordel", já dando o mote nordestino, o filme parte de alguns "pontos centrais" para nos contar um pouco mais sobre quem foi o "Doutor do Baião". Apresenta-nos o sertão cearense, a cidade de Iguatu, local de origem de Humberto Teixeira. Os costumes locais, sua gente, os personagens típicos da região. O vaqueiro da caatinga e sua veste de couro. A sanfona. O "consertador" de sanfona. O Cordel. A poesia. A música. O baião, que Humberto Teixeira levou para o Rio de Janeiro, urbanizou e, em parceria com Luiz Gonzaga, tornou popular no Brasil todo, conhecido e cultuado no exterior.
Sua filha, a atriz Denise Dumont, é importante figura condutora do documentário, do qual é também produtora. Logo no início, declarando não conhecer com exatidão a devida importância da obra de seu pai e com o objetivo de desvendar para si mesma quem foi o homem público Humberto Teixeira, é ela quem nos guia nessa jornada de descoberta. É ela, aliás, quem entrevista grande parte das personalidades – e são muitas – que desfilam pela tela.
Entre tantos nomes, ora a ilustrar a cultura nordestina, ora a falar diretamente de Teixeira, os saudosos Patativa do Assaré e Sivuca, o maestro Wagner Tiso, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Lenine, Otto, Gal, Lirinha e seu Cordel do Fogo Encantado, os cearenses Fagner e Belchior, os roqueiros influenciados pelo baião Raul Seixas e Os Mutantes, os internacionais Bebel Gilberto, Forró in the Dark – grupo que toca baião com sucesso em Nova Iorque – e David Byrne, são alguns dos nomes que se revezam na tela, entre uma música e outra, entre uma passagem e outra da vida do doutor pioneiro, como deputado federal e como intelectual, pela defesa dos direitos autorais no Brasil. David Byrne, responsável inclusive pela redescoberta de Tom Zé na década de 90, revela-se grande apaixonado pela música brasileira. É dele a interpretação de uma arrepiante versão em inglês para "Asa Branca"
Vale destacar que Denise não isenta o pai de críticas, o que fica evidente quando toma o forte depoimento de sua mãe, Margarida Dumont, ex-esposa de Teixeira. Pai machista, preconceituoso, que não aceitava a filha como atriz, profissão não condizente com a figura de "moça de família". Marido que interrompe a carreira da própria esposa, também atriz.
São muitas as informações, em parte narradas pela voz do próprio Humberto Teixeira. Tem-se a impressão, em alguns pontos, de se perder o "fio da meada". As peças soltas, porém, vão se encaixando, se assentando no decorrer da narrativa.
A frieza de um comentário escrito como o que se pretende aqui com certeza não traduz a imensa beleza do filme. Como na letra de um baião, a história de Humberto Teixeira é contada com alegria, apesar da tristeza inerente. Lírico. Lirismo que, nesse caso, vem também de Lírio Ferreira. Se o trabalho anterior do diretor – "Cartola" – era "música para os olhos", "O Homem que Engarrafava Nuvens" é poesia para a alma e para o cantinho do cérebro que hospeda a emoção.

PS: tenho dúvidas da imparcialidade desses comentários. Difícil conter um certo exagero. O filme casa de forma bastante coesa grandes paixões minhas: a música (em especial a popular), fotografia (como já dito, do mestre Walter Carvalho), o povo e seus costumes e, evidentemente, o cinema-arte. É ver pra crer!
PPS: o documentário deve estrear no circuito comercial em outubro ou novembro deste ano.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O INVERNO E SEUS FESTIVAIS

Entramos em julho e nessa época do ano, em cada vez mais lugares, os tais festivais de inverno pululam.
O mais lembrado é o quarentão Festival de Inverno de Campos do Jordão, que começou fim de semana passado e se estenderá até o dia 26/07. Mas há anos que não piso naquele lugar que, em julho, vira um verdadeiro inferno “a la Amauri Jr”. Arrisco dizer que, excluindo-se os próprios músicos e bolsistas, poucos são os que frequentam o Festival propriamente dito. Lugar para “ver e ser visto”, como classificaria uma “Caras” qualquer. Recordo-me de ter ido, no já distante 1999, a uma “balada” para matar a curiosidade e enfim decidir nunca mais pisar em uma congênere local. Se em 99 paguei 5 reais por uma latinha de Brahma, pergunto-me quando deve custar dez anos depois. R$ 10,00 ?! Fora o trânsito infernal e a superlotação dos restaurantes e bares.
Mas o Festival é mesmo muito bom. Se puder ir pra ficar em uma casa ou pousada afastada da cidade e do caos, dá pra aproveitar (mas reserve a grana, por lá é preciso de uma forma ou de outra!). Dentre tantas atrações com maior ênfase na música de câmara, destaco uma banda da saudosa Tatuí: a Orquestra de Metais Lyra de Tatuí. Bom som o dos moleques!! Recomendo. Atração gratuita!

Pra quem não quer ir a tão longe, gastar bem menos e não se preocupar com “etiqueta” "glamour" e outras pseudofelicidades "pequenoburguesas", pertinho daqui fica a charmosa vila ferroviária de Paranapiacaba, que também dá início a seu festival de inverno no próximo fim de semana, com programação todo sábado e domingo até o final do mês. Programação totalmente gratuita (no site ou no post, abaixo), é necessário chegar com bastante antecedência para se conseguir ingressos. Também há o inconveniente do trânsito e da espera, além do deslocamento obrigatório de ônibus até a vila (há um necessário traslado de ônibus desde o estacionamento, pois este fica a alguns quilômetros para que os carros não cheguem até o centro). Mas vale a pena. A programação forte é a musical, com presença neste ano de Lô Borges, Toquinho, Luciana Melo, Mariana Aydar, Luiza Possi, Na Ozzetti, Daniel Gonzaga, Vander Lee, Vânia Abreu, entre outros nomes locais. Destes vale destacar Flávio Barba, que me surpreendeu com seu som no ano passado, e Kleber Albuquerque.
Há ainda ótimo espaço para o teatro na programação. O espetáculo “Jogando no Quintal” também está entre as atrações
Pra quem quiser e puder esticar até mais longe, tem início amanhã o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, em MG. Leia mais a respeito na postagem abaixo!

FESTIVAL DE INVERNO DE PARANAPIACABA 2009

Os ingressos para as apresentações são distribuídos duas horas antes dos shows. Apesar das atividades serem gratuitas, os responsáveis pelo evento sugere que o público doe um agasalho.
Procure chegar para o show na vila com umas 4 horas de antecedência
* Espaço Viradouro: local do vira-máquina, ao lado da antiga estação, onde é montado o espaço das grandes apresentações do festival
**(Clube ULS): considerado o maior clube em madeira. Antigo clube dos ferroviários a 3 quadras da estaçãoESTACIONAMENTO: Bolsão de carros 6km da vila R$ 10,00 (dez reais), o transporte para a vila é gratuito.

DIA – 11 de Julho
13h – Trio Raiz Brasil – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
13h – Maestro Maluco – Local: Largo dos Padeiros
14h – Teatro “ O Avarento” – Local: Mercado
15h - Baú de Histórias - Local: Espaço Criança
15h – Lô Borges – Local: Viradouro
16h – Erineu Maranesi - Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
16h - Maestro Maluco – Local: Largo dos Padeiros
17h - Joca e Regional – Local: Mercado
18h – Toquinho – Local: Viradouro

DIA – 12 DE JULHO
13h- Teatro “El Terrible Segredo” - Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
13h – Trio Vibração – Local: Largo dos Padeiros
14h – Duo Kleber Albuquerque – Local: Mercado
15h – Uma Historia de Saci - Local: Espaço criança
15h – Coral - – Local: Viradouro
16h – “Las Vergonhas” (Stand Up) - Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
16h – Trio Vibração – Local: Largo dos Padeiros
17h – Flavio Barba – Local: Mercado
18h – Luciana Mello – Local: Viradouro
DIA – 18 DE JULHO
13h – “3 em ¾” - Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
13h – Luxo Lixo – Local: Largo dos Padeiros
14h – Teatro “O Asno “ – Local: Mercado
15h – Simão, o Boi Pintado - Local: Espaço Criança
15h – Vânia Bastos – Local: Viradouro
16h – Glau Piva – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
16h – Luxo Lixo – Local: Largo dos Padeiros
17h – Tata Alves – Local: Mercado18h – Ná Ozzeti –Local: Viradouro
DIA – 19 DE JULHO
13h – Mariana Aydar– Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
13h – Grupo Lúmen – Local: Largo dos Padeiros
14h – Thais Helena – Local: Mercado
15h – João Cabeça de Feijão - Local: Espaço criança
15h – Banda Lyra –Local: Viradouro16h – Rubra e Maestro com Banda Gigante – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
16h – Grupo Lúmen – Local: Largo dos Padeiros
17h – Teatro “O anel do Senhor” - Local: Mercado
18h – Luíza Possi – Local: Viradouro
DIA – 25 DE JULHO
13h - Daniel Gonzaga – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
13h – Cia ½ Trupe – Local: Largo dos Padeiros
14h – Conversa Mole Choro – Local: Mercado
15h – “ O Vovô” – Local: Espaço Criança
15h – Vander Lee – Local: Viradouro
16h – Teatro “ Era uma vez” – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
16h – Cia ½ Trupe – Local: Largo dos Padeiros
17h – Mozar – Local: Mercado
18h – Vania Abreu – Local: Viradouro
DIA – 26 DE JULHO
13h – Elder Costa – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
13h – Figurinha Carimbada – Local: Espaço Criança
13h – Ciranda Violeira – Local: Largo dos Padeiros
14h – Tunai – Local: Mercado
15h – G DC Infantil – Quem nunca passou por isso! ELD – Local: Espaço Criança
15h – Orquestra de Santo André – Local: Viradouro
16h – Jogando no Quintal – Local: U.L.S – Clube União Lyra Serrano
16h – Jogos Ayurca – Local: Largo dos Padeiros
17h – GDC Adulto Dança – Local : Espaço Criança
17h – Ciranda Violeira – Local: Mercado
18h – Oswaldo Montenegro – Local: Viradouro

FESTIVAL DE INVERNO DE OURO PRETO E MARIANA 2009 - MG

Esta é pra quem pode ir pra longe, tirar uns dias de férias e aproveitar um ótimo som, um ambiente pra lá de agradável, um boteco a noite e um bom clássico do cinema de tarde.
Ainda não consegui conhecer este festival, mas sempre que vou pra Ouro Preto não há quem não me recomende. Um "carnaval" com um nível acima em termos musicais. Mesmo sem ter checado pessoalmente eu aposto minhas fichas pelo que já pude conferir. O povo de lá é impecável nesse tipo de organização. Não, esqueça o carnaval universitário, do qual provavelmente já conheça algo, ainda que apenas por referência. Não me refiro em hipótese alguma às repúblicas de estudantes. Falo de outra coisa. Só para ficarmos em um exemplo, o Insituto Candoguero, também presente no festival, foi o responsável pelo melhor palco do Carnaval passado. Merecerá uma publicação a parte neste blog, em outro momento. Por ora apenas confesso que não poucas vezes chorei, emocionado em estar naquela festa. Samba de verdade, carnaval de verdade. Até para as crianças havia matinê.
Espécie de conservatório local, o Instituto tem alguns grupos musicais dignos de nota, alem do bloco de maracatu que percorre as ladeiras de OP no Carnaval. Lógico que participei deste.
Mas saudades a parte, longe de ser a principal atração. Mas são o núcleo do cortejo de abertura, que inclui ainda outros blocos típicos como a Bandalheira e o Zé Pereira dos Lacaios.
O tema do festival este ano é o Clube da Esquina. Portanto, nomes como Milton Nascimento, Fernando Brant, Beto Guedes e Lô Borges não poderiam faltar. O show de abertura, em Ouro Preto, fica por conta da madrinha do samba, Beth Carvalho (08/07, 21h). também fazem parte da programação musical das duas cidades Joyce, Tavinho Moura, Viola de Folia (recomendadíssimo, outro projeto do Instituto Candoguêro), Daniel Gonzaga, André Mehmari, Yamandú Costa, Brass Band Mèditerranèe (atração francesa) e Moska.
O festival, com programação diária até o dia 26, não se restringe à música. O teatro também é forte presença, inclusive tendo como palco as inúmeras igrejas das duas cidades. Debates, palestras sobre patrimônio natural, exposições de fotografia, intervenções artísticas diversas, boa programação infantil e ótima programação de cinema com algumas “mostras paralelas”.
A Mostra “100 anos de Carmem Miranda” traz filmes como “Banana is my Business”, “Uma Noite no Rio” e “Entre a Loira e a Morena”. O “Cineclube da Esquina” apresenta clássicos tais como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha, “Rocco e seus irmãos” de Visconti, “Jules e Jim” de Truffaut, “Acossado” de Godard, “Hiroshima, meu Amor” de Resnais, “Rastros de Ódio” e “O Homem que Matou o Facínora”, de John Ford. A mostra “Cinema de Resistência no Brasil Ontem e Hoje” foca, evidentemente, o cinema marginal brasileiro. Andrea Tonacci (seu “Serras da Desordem” está na programação), Sylvio Lanna e José Sette são alguns dos cineastas representados.
Se alguém aí estava querendo alguma desculpa pra tomar uma cerveja tão longe, acho que dá pra encarar a estrada! Ah, se eu pudesse... quem sabe ano que vem.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mais um festival!

São Paulo é mesmo uma cidade de deleite para os cinéfilos. Mal termina um festival e já começa outro. Agora é a vez do Festival de Cinema Latino-Americano , em sua 4ª edição.
Muita coisa interessante poderá ser vista de hoje até domingo em algumas das salas de São Paulo (e uma em São Bernardo do Campo).
O peruano “O Leite da Amargura” (“La teta asustada”), ganhador do Urso de Ouro de Berlim deste ano, abre o festival, que traz ainda algumas “mostras” paralelas: uma seleção em homenagem a Nelson Pereira dos Santos (“Rio 40 Graus”, “Memórias do Cárcere”, “Vidas Secas”, “Como Era Gostoso o Meu Francês”, “El Justicero” e “O Amuleto de Ogum”), uma seleção de filmes contemporâneos, uma programação voltada à produção da DOCTV Iberoamericana, um painel sobre a retomada do cinema latino americano nos anos 90 (“Mundo Grua” de Trapero, “Baile Perfumado” de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” de Carla Camuratti, “Os Matadores” de Beto Brant, entre outros), uma amostragem do trabalho do cineasta Alex Viany e uma série de documentários musicais.
Vale ainda destacar o mexicano “Rude e Brega”, com Diego Luna (“E Sua Mãe Também”, Milk”) e Gael García Bernal (“Ensaio Sobre a Cegueira”, “Diários de Motocicleta”) e produzido por Alejandro Gonzáles Iñarritú (“Amores Brutos”, “Babel”), Alfonso Cuarón (“E Sua Mãe Também”) e Guillermo Del Toro (“O Labirinto do Fauno”). Pra quem não viu no “É Tudo Verdade”, “Moscou”, de Eduardo Coutinho, também será reapresentado. Dentre os documentários musicais, “Waldick, Sempre no Meu Coração”, estreia na direção de Patrícia Pilar, “O Homem Que Engarrafava Nuvens”, documentário sobre Humberto Teixeira cuja ausência na Mostra Internacional de SP lamentei por aqui, e os maravilhosos “Loki” e “O Mistério do Samba”.
Vale a pena caçar outras pérolas na programação completa.
E uma informação importantíssima: É TUDO GRATUITO. Retirada de ingressos uma hora antes de cada exibição. Vemos-nos por aí!