"QUEIME DEPOIS DE LER"

Eis meu filme de estréia na Mostra (visto dia 20), após perder o fim de semana passado. E não poderia começar melhor, com essa ótima tragicomédia dos irmãos Coen, que foram ao campo oposto ao experimentado em seu filme anterior, o ganhador do Oscar "Onde os fracos não têm vez".

"Queime depois de ler" é uma excelente comédia, diga-se. Frisando o tempo todo a derrocada do "sonho americano" (representado pelos personagens imbecis, sejam eles representantes do Governo - CIA-, seja do povo, em suas diversas profissões), o filme acompanha a vida de alguns americanos fracassados que, com suas trapalhadas e erros, provocam uma série de tragédias. Sim, a exemplo de "Onde os fracos...", neste filme também se vê sangue. Mas aqui o foco é o humor negro, sempre muito bem conduzido pela dupla de diretores.

Curioso notar como são retratadas as profissões no filme, sobrando alfinetadas para todas elas: o advogado "esperto", o cirurgião plástico "milagreiro", o personal trainer idiotizado (excelente caricatura vivida por Brad Pitt), o ex-padre ortodoxo, etc. Tilda Swinton aparece no começo do filme sem que seja revelada sua profissão. Seu jeito duro e "decidido" conduz a se concluir tratar-se de uma poderosa executiva, ou algo do gênero. E são os personagens de fato o ponto alto do filme, ainda que muitos deles caricaturizados. John Malkovich (a melhor interpretação, no papel do agente da CIA afastado), George Clooney, Brad Pitt, Frances Mcdormand e Tilda Swinton estão em impecáveis interpretações. Com certeza, mais algumas indicações ao Oscar para os irmãos Coen.

Para quem ainda deseja ver o filme na Mostra, haverá uma última sessão nesta sexta, dia 24, no Cinesesc, às 22:50. Se perder, é torcer para estar na semana de repescagem (grande chance de estar) ou aguardar até que se entre em cartaz no circuito comercial, ainda sem data.