quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Queridíssimo e belo mês de agosto


Fiz algo quase impensável para o público sedento de ver o maior número possível de filmes nesta Mostra: abri mão de assistir a um filme, perdendo o ingresso, para pensar mais detidamente sobre uma preciosidade vista hoje e prolongar o deleitamento. Ainda estou maravilhado com o "Aquele querido mês de agosto", de Miguel Gomes.

Metalinguagem não é nenhuma novidade no cinema. Mas com a maestria com que é realizada neste filme português, imagino que seja raridade.


O filme pode ser dividido em três partes distintas, que se revezam no decorrer das duas horas e meia de projeção: 1) Há um falso 'making off' que antecede a filmagem, onde se discute o argumento do filme a ser realizado, a busca por atores não profissionais, filmam-se depoimentos; 2) há um documentário, com a filmagem dos referidos depoimentos, com as histórias locais, "os causos"; 3) e, finalmente, o tal filme realizado.


Nas duas primeiras partes, que se intercalam, toda a equipe de filmagem, do diretor ao técnico de som, vira personagem da ação, inserindo-se assim no cotidiano do interior de Portugal. Aqui reside grande parte do bom humor do filme. Entre os depoimentos, vemos a busca dos atores não profissionais que integrarão o elenco do filme a ser realizado, entre eles a impressionante (e linda!) Sonia Bandeira e Fabio de Oliveira.


Trata-se de um filme extremamente musical, com ótimas imagens deliciosamente produzidas no interior de Portugal, o Portugal rural, das festas tradicionais, dos "bailaricos", das diversões populares como o "karaoke" e os bares, das procissões religiosas e de seus milagres, dos causos, das deliciosas músicas populares.


O filme parece nos dizer que a música está em todo os momentos (como depois reafirma o técnico de som do filme, em uma das passagens em que é também personagem), mesmo nos momentos mais triviais, como o simples passeio de um caminhão de bombeiros.


A música é, como se percebe, personagem importantíssimo no filme. Trilha muito bem escolhida e integrada com o enredo, tanto da parte documental quanto da parte ficcional, que retrata uma família de músicos em turnê pelas festas populares do interior de Portugal e o amor entre a vocalista e seu primo. Como diz a sinopse oficial da Mostra, "amor e música, portanto".
Ao final, já com os créditos subindo a tela, a cereja do bolo (mais uma!): "Tudo passa", de Nelson Ned, interpretada em uma máquina de karaoke!!
Já é um de meus favoritos deste ano, e já está programada a sessão extra nesta sexta-feira, dia 31, às 18horas, no Cine Bombril.
Para quem não viu, ótima oportunidade!
PS: para matar um pouco da curiosidade, acesse o youtube.

2 comentários:

.greice disse...

Nossa, o filme parece ser realmente maravilhoooso, da pra ter uma noção pelo video *__*

beijos

cinemadicto disse...

o loko!!! boa boa, não vi nenhum destes. vc ja sabe a programação da repescagem? onde onde? rssss. legal falar a data de estréia. isso ajuda horrores!rss. e ai, vai no show?

abs