domingo, 26 de outubro de 2008

TRUFFAUT








Um dos programas dos mais interessantes dentro da Mostra é a seleção paralela "Carta Branca a Win Wenders". Dentre as obras selecionadas pelo diretor alemão, pude conferir os dois de François Truffaut: "O Garoto Selvagem" e "A Sereia do Mississipi". Desnecessário analisar a fundo aqui a obra de Truffaut. Apenas alguns comentários pessoais (e, portanto, passíveis de engano de um quase leigo).

O que me chamou atenção em ambos foi a temática secundária do "reformatório", da "orfandade". Em "A sereia...", Catherine Deneuve (deslumbrantemente linda, por sinal) é uma prostituta, ex-interna de um orfanato, que se passa por outra mulher para roubar a fortuna de um industrial. Já em "O garoto selvagem", o próprio Truffaut encarna o médico Dr. Itard, responsável pela educação de um garoto encontrado na selva após um abandono de quatro anos e com dificuldades de adaptação social. Vale lembrar que o próprio Truffaut passou por reformatórios e já esteve preso antes de sua carreira no cinema.
"O Garoto Selvagem" é baseado em uma história real, ocorrida na França do Século XVIII, coincidindo com o surgimento das teorias de Rousseau sobre o "homem moral" (o homem nasce bom, a sociedade o corrompe). Não por acaso, o filme é dedicado a Jean Renoir, herdando deste cineasta o ponto de vista humanístico.

Uma outra observação, apenas e tão somente a título de curiosidade: assisti a "A Sereia do Mississipi" logo após ver "Queime depois de ler". Curiosamente, ambos têm, coincidentemente, exatamente a mesma abertura, apenas diferenciando na tecnologia utilizada. Em ambos a câmera, distante da Terra, se aproxima do globo terrestre até fechar no local em que se desenvolverá a ação. Enquanto no filme dos Cohen é utlizado o Google Earth ou algum outro programa similar, no de Truffaut um mapa político mostra onde se dará o enredo. Em ambos há também a temática do namoro por correspondência, sendo que no filme americano a Internet já está presente.
Provavelmente esses filmes não serão reprisados na semana extra. Mas vale a pena anotar a dica de Mr. Wenders e assistí-los em outra oportunidade.

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