sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"À Procura de Elly" (Irã), de Asghar Farhadi


Concorrente do Irã a uma vaga no Oscar 2010, não me chamou muita atenção não esse "À Procura de Elly". E olha que tem lá seus pontos positivos. O primeiro deles: esqueça o estilão iraniando de filmes! Trata-se de um "filme de mistério". Se bem que ao mesmo tempo que é uma vantagem, pela curiosidade que tal fato possa despertar em se tratando de um filme iraniano, é também uma desavantagem, ao fugir do que o cinema de lá sabe fazer melhor.

O diretor, Asghar Farhadi, sabe prender a atenção, mas se utilizou neste longa de alguns subterfúgios que achei um tanto artificiais. Se dão resultado durante parte da trama, depois de um tempo já não surtem o mesmo efeito.

Elly é convidada por um grupo de pessoas que vão passar um fim de semana em uma casa de praia. É professora de uma das crianças e será apresentada a um dos solteiros. Assim como os ocupantes da casa, nós também pouco sabemos sobre a personagem que dá nome ao filme. Quase nada além de seu primeiro nome – apelido, na verdade – e do porquê de ter sido convidada.
Uma das crianças quase se afoga e Elly some. O restante do filme gira em torno de se saber o que aconteceu com ela. Teria se afogado tentando salvar o menino? Sabemos não muito adiante que ela tem um noivo. Apesar de insatisfeita com o noivado, não conseguia terminar o relacionamento. Teria então se matado no mar? A cena que antecede seu sumiço nada diz: Elly brincando de pipa com as crianças, nitidamente feliz. As crianças com quem ela brincava saberem explicar absolutamente nada, tudo a serviço de criar um “mistério” para a trama. O fim do filme também só serve para criar um final parcialemente aberto (sabemos do fim da personagem, mas não de como chegou a ele). Mas assim como os demais personagens que tocam suas vidas, chega a ser inútil saber exatamente o que aconteceu com a personagem, que não envolve o espectador antes de seu sumiço. Se pelo modo "A" ou "B" não importa muito no fim das contas. Não é filme ruim – prende a atenção, e relativamente bem, como já dito -, mas não é imprescindível.

Conversando com um desconhecido em uma sessao qualquer da Mostra, fico sabendo que ele gostou por mostrar como cada pessoa reage diferente diante da situação: uns mais egoístas, outros apreensivos. Ok. Mas nada novo, não? E sem grandes profundidades. Sei lá. Vai ver eu que ando chato demais mesmo.

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