sábado, 5 de setembro de 2009

Ainda Gainsbourg Imperial. Show Histórico



Eu não ía nem comentar nada a respeito do show de ontem. Qualquer coisa que dissesse, pensei, não estaria à altura do maravilhamento provocado em mim (chorei em vários momentos, confesso).
Como traduzir em palavras a sensação de estar vendo um show histórico, em que o também histórico baterista Wilson das Neves insere a cuíca no cancionário popular francês, acompanhando a mais francesa de todas as inglesas e musa de Gainsbourg , Jane "Blow Up" Birkin? Como descrever a preciosidade de se assistir a um trio de guitarristas dando um show a parte no palco (dentre eles Nelson Jacobina, autor de "Maracatu Atômico")? E as divas Thalma de Freitas e Nina Becker então, com suas performances de dar inveja a Brigitte Bardot? Nina e seus vestidinhos curtos, de causar confusão em sujeito casado por não desgrudar os olhos de suas pernotas e de sua presença cativante no palco! Caetano e seu filho Moreno dividindo o palco com Jane. O prazer de ver praticamente toda a Orquestra Imperial reunida (apresentações anteriores dela por São Paulo se realizaram com time bem menor!). Vale anotar que a concepção e a direção artística foi de Stéphane San Juan, o francês cantor e percussionista da O.I., casado com Thalma de Freitas. A produção musical ficou por conta dos megaprodutores de respeito e também integrantes da O.I., Berna Ceppas e Kassin. Repito: show histórico. Microfonias, som de alguns instrumentos que sumia ou abaixava vez ou outra, ausência de improvisos da Orquestra (até mesmo pela natureza do projeto, que exigia obediência absoluta ao script). Nem esses problemas técnicos tiraram a beleza do show. Se particularmente fiquei um pouco frustrado pela ausência no repertório de "Je T'Aime Moi Non Plus" - “Eu não posso mais cantá-la porque o meu parceiro está morto. Eu nunca a cantei com outra pessoa que não fosse ele”, justificou Birkin em entrevista -, a falta restou completamente compensada pelo belo apanhado de músicas escolhidas pelo maestro do show, o arranjador Jean-Claude Vannier. Não poderia deixar de citar também a curiosa cena dos metais e percussão de um grupo que se sagrou animando bailes no Rio de Janeiro sendo comandada por um músico francês, com repertório que sai daquele que a O.I. até então apresentava. Não tenho dúvidas de que ela incorporará parte dele em suas apresentações futuras.
Eu já disse que o show foi histórico? Pois foi. Não ía comentar nada. Mas não resisti.
Crédito das fotos: Daigo Oliva/G1 (as duas primeiras) e Reinaldo Canato/Entrelinhas (as duas restantes).

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