domingo, 15 de fevereiro de 2009

VICKY CRISTINA BARCELONA


Finalmente o primeiro filme do ano visto na telona. E um filme já meio "velhinho", quase saindo de cartaz. Aliás, não fosse o Gemini e seus filmes "quase-mortos", esse seria mais um na minha lista dos que perdi na telona.
O primeiro do ano. A continuar nesse ritmo, chegarei aos 6 no ano, bem abaixo dos 95 vistos durante o ano passado.
Mas enfim, isso não importa agora. O que vale é que escolhi um excelente filme pra começar 2009.
Nessa nova viagem de Woody Allen à Europa, temos retratadas, basicamente, a aventura que encontra excessos e se cansa deles e a racionalidade exarcebada que cede aos apelos de uma paixão aventureira.
Somos apresentados logo na abertura da película às personagens principais da trama, duas amigas, Vicky (Rebecca Hall, em otima atuação que lhe valeu merecidamente a indicação ao Globo de Ouro) e Cristina (a sempre estonteante Scarlett Johansson), em viagem a Barcelona. Vicky, mulher de vida regrada, a personificação da racionalidade, "sabe o que quer", tem a vida perfeita encaixada ao "mainstream" ocidental, realizando todos os seus sonhos, em viagem para terminar seus estudos sobre identidade catalã.
Cristina, a artista que não se encontrou, a mulher fácil de se levar para a cama, buscando a felicidade sem encontrá-la. "Não sabe o que quer, mas tem certeza sobre o que não quer", (mais precisamente, não quer para si o estilo de vida escolhido por Vicky).
Já em Barcelona, encontram Juan Antonio, pintor vivido por Javier Bardem (também indicado ao Globo de Ouro como melhor ator). Tanto Bardem como Penélope Cruz (que entra logo mais na história) são as caricaturas usadas por Woody Allen para retratar o "amor latino", "caliente", e muitas vezes desequilibrado. Aqui seu cinema encontra o de Almodóvar, como já ouvi por aí. São também a imagem dos artistas, com a vida nada regrada, muitas vezes perdida, mas sempre na busca pela poesia e pelo romantismo (a personagem de Penélope afirma que só um amor não realizado pode ser romântico).
Penélope Cruz, mais estonteante ainda que Scarlett, concorrente ao Oscar de melhor atriz coadjuvante (foi também indicada ao Globo de Ouro), é a ex-esposa de Juan Antonio. Ambos vivem com Cristina um triangulo amoroso nada convencional. Como em mais de uma vez citado pelo personagem de Bardem, é a celebração da vida, do amor, que conduz suas atitudes.
Vicky, também se envolve com Juan e por conta disso põe em xeque todas as suas escolhas de vida, principalmente acerca de seu casamento com Doug. De fora do triângulo formado, Vick é a personagem mais interessante.
Doug é outra caricatura de Allen, aqui retratando o burguês careta, tolo e sem graça, preconceituoso e moralista, apegado à vida linear, consumista e pseudo-intelectual.
Com todas essa nuances, percebe-se a riqueza da trama. De fato, a história é excelentemente bem tramada e desenvolvida. O roteiro bem construído, somado à beleza física dos atores em cena e ao constante e tórrido flerte entre as personagens, quase faz com que não percebamos as perícias de direção de Woody Allen. Mas elas estão lá, seja na câmera na mão que passeia, sem cortes, entre os rostos em determinado diálogo, nas caprichadas tomadas do Parc Güell de Gaudí, nas cenas de noites de "guitarras flamencas" (novamente imagens almodovarianas, mas de uma fase mais recente) e, evidentemente, na direção impecável dos atores e na ironia fina de seus diálogos.
Filme provocativo e inquietante. A trilha sonora escolhida reforça a "viagem" que é esta película . Além de óbvias músicas instrumentais espanholas, a canção "Barcelona", interpretada pelo grupo "Giulia y los Tellarini", faz o pano de fundo para a história durante todo o filme. Deliciosa melodia. Veja a letra aqui.

3 comentários:

cinemadicto disse...

VIVA O GEMINI! Eu adoro esse cinemão decadente hehehe e ja fui varias vezes "salvo" por ele no q diz respeito aos velhos lançamentos rsss. ainda nao consegui conferir Vicky Cristina ... aaaa são mtos filmes meu amigo, mas quero ver todos hhehe. to loco p conferir esse allen mais caliente!

abs

Adilson Thieghi disse...

Johanson é estonteante sim, só que perto do demônio Penélope cruz é só uma branquela gorducha.

Daniel Luppi disse...

Tahira, só lamento que uma reforma não esteja nos planos do gemini... seria interessante (mas tb acho q corríamos o risco de mudar a programaçao).

E Adilson, que é isso?!
concordo que Penélope Cruz é um demonio, e eu adoraria queimar no fogo desse inferno todo!!
mas falar q a outra é uma "branquela gorducha" (mesmo perto da Cruz) é um "pouco" de exagero de sua parte....